Quatro jovens universitários testemunharam as suas vivências ao Papa Francisco
Lisboa, 03 agos 2023 (Ecclesia) – A estudante refugiada iraniana da Universidade Católica Portuguesa, Mahoor Kaffashian, disse, esta quinta-feira, ao Papa Francisco que deve o seu olhar “de esperança” sobre o futuro “à extraordinária” equipa da instituição universitária onde estuda.
“Refugiada, inicialmente deslocada do meu próprio país, o Irão, para a Ucrânia, onde uma guerra real me fez sentir sobrevivente. Acima de tudo, sou crente, e devo o meu olhar de esperança sobre o futuro à extraordinária equipa da Universidade Católica: cuidou e cuidará de mim, no contexto do Fundo de Apoio Social Papa Francisco”, testemunhou a refugiada iraniana que estuda Medicina Dentária na Faculdade de Medicina Dentária da UCP – Centro Regional de Viseu.
Mahoor Kaffashian reconhece que “não era a mesma pessoa” que é agora e que no ano passado, se lhe tivessem dito que eu era uma pessoa “muito forte, provavelmente não teria acreditado”, mas “agora acredito”, frisou a estudante no encontro desta manhã na UCP, em Lisboa.
Depois de tudo o que passou, depois do “sentimento constante de ausência de um lar, da família, dos amigos, depois de ter ficado sem teto, sem universidade, sem dinheiro, sei que o conceito de força não significa que não me sinta cansada, exausta e abatida pela dor e pela perda”.
“Significa apenas que tenho a força, a fé e a coragem para seguir em frente”, disse.
Neste encontro do Papa Francisco com os jovens universitários, Tomás Virtuoso disse também que a geração destes estudantes não deve ignorar “as muitas intuições que a Laudato si lança”.
“Que nos convença crescentemente a não aceitar quaisquer avanços tecnológicos que não tenham um forte enraizamento ético e espiritual, que não garantam o respeito pela dignidade inviolável da pessoa e por toda a criação” é um desafio lançado pelo documento do Papa Francisco.
Este estudante do 2º ano de Teologia na Faculdade de Teologia da UCP pede também que a Laudato Si encoraje “a uma conversão de vida, da cabeça, do coração e das mãos”.
A estudante natural do Porto, Mariana Craveiro, sublinhou que através do programa Católica Solidária, a UCP ajudou-a “a perceber a urgência de manter a prioridade dada à pessoa humana”, e assim pode “ajudar a servir refeições, todas as semanas, às pessoas sem abrigo e mais necessitadas, no centro da cidade do Porto”.
Esta experiência foi “apenas um ponto de partida e o modo de Deus me ensinar que estar ao serviço para acolher os mais vulneráveis e excluídos tinha de ser uma prioridade nos meus dias de estudante, como membro de uma Igreja em saída”, referiu.
A estudar filosofia no Centro Regional de Braga, Beatriz Ataíde, sublinha que os seus estudos surgem “no culminar de um processo longo de discernimento” onde foi percebendo que, qualquer que “seja a forma vocacional que a minha vida tome, o meu desejo de ser madura passa sempre por me ocupar dos outros. Especificamente, senti-me chamada por Deus a ajudar a erguer os corações feridos pelo pecado”.
Nesse sentido, depois da “conversão tardia, fui tendo várias experiências que me levaram a concluir que é a partir do campo da cultura que me sinto chamada a ser abençoada por Deus, a descobrir-me, a descobri-Lo e a atuar”.
A Jornada Mundial da Juventude, que Portugal recebe pela primeira vez, é um encontro internacional de jovens promovido pela Igreja Católica, que reúne centenas de milhares de participantes durante cerca de uma semana, em iniciativas religiosas e culturais, sob a presidência do Papa.
Até hoje houve 14 edições internacionais da JMJ – que decorrem de forma alternada com uma celebração anual em cada diocese católica: Roma (1986), Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).
LFS
Lisboa 2023: Mahoor Kaffashian, estudante iraniana, vai contar a sua história ao Papa (c/vídeo)