Dois anos depois do encontro mundial, coordenadora da área da sustentabilidade da JMJ pede envolvimento da Igreja no cuidado com a casa comum

Lisboa, 02 ago 2025 (Ecclesia) – Carmo Diniz, coordenadora das áreas da inclusão e da sustentabilidade da Jornada Mundial da Juventude 2023, considera que a Igreja deveria criar uma “pastoral da ecologia integral”, dada a experiência neste campo resultante do encontro.
“A Igreja em Portugal, no pós-JMJ, com a experiência da sustentabilidade, com a experiência de tudo o que vivemos nestes dias e da transformação e da alegria que os jovens trazem, poderia criar ou pensar numa pastoral da ecologia integral”, afirmou, em declarações à Agência ECCLESIA.
Dois anos depois da JMJ Lisboa, que decorreu entre 1 e 6 de agosto de 2023, Carmo Diniz lembra que a “Igreja tem uma capilaridade que lhe permite sensibilizar um grande número de pessoas para o tema do cuidado com a casa comum”.
“A nossa casa não é o sítio só onde plantamos árvores, que é muito bom e que conseguimos fazer na JMJ, graças a Deus, mas é também o cuidado com os nossos irmãos que sofrem, porque a casa comum também está a sofrer”, salientou.
A diretora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD), da Conferência Episcopal Portuguesa evoca o gesto dos bispos da Irlanda que decidiram doar uma percentagem do património à natureza, assinalando que “isso é ecologia integral” e que “beneficia a todos”.
“Não sei se seria possível em Portugal, é um tema a explorar. Mas o que está claramente a descoberto, e que julgo que ficou marcado pela Jornada Mundial da Juventude, é a importância da casa comum, de agradecer o que temos, de agradecer o que nos é dado, de cuidar do que nos é dado para as próximas gerações”, referiu.
A responsável apela à Igreja que considere a possibilidade de “se dedicar à ecologia integral, dentro da estrutura”, colocando “pessoas”, “meios a pensar e a concretizar este cuidado”.
A par de Carmo Diniz, Carmen Lima integrou o Gabinete de Diálogo e Proximidade do Comité Organizador Local da JMJ Lisboa 2023 e defende que a Igreja deveria abraçar de “forma mais apertada” a responsabilidade “do uso da casa comum e da obra que foi criada”, algo que a JMJ jornada foi mostrando.
“É fácil perceber que estas gerações estão abertas àquilo que foi a mensagem do Papa Francisco relativamente à questão da sustentabilidade. Nós só precisamos aproveitar o facto de estas gerações estarem muito disponíveis para esta mensagem”, sublinhou.
Para tal, Carmen Lima entende que a Igreja deve utilizar os “canais fáceis de chegar a toda a gente” e “a todas as gerações”, uma “grande vantagem” que detém, aproveitando o conhecimentos que os mais jovens têm daquilo que é o respeito pela natureza e os seus ciclos.
“A Igreja consegue chegar a todo este local e nós vimos isso na organização da Jornada Mundial da Juventude. Quando nós precisávamos de passar alguma mensagem era fácil chegar a todo o lado. E isso é possível. Esta estrutura de proximidade que a Igreja tem, que é o mais difícil em outras organizações”, ressaltou.
A entrevistada pede um “compromisso mais forte com a sustentabilidade, aproveitando o legado que a JMJ deixou”.
As entrevistas a Carmo Diniz e Carmen Lima inserem-se no programa 70×7, emitido no próximo domingo às 17h24, dedicado à inauguração do Parque Papa Francisco, no contexto do 2ºaniversário da JMJ Lisboa 2023.
LJ/OC