Fernando Chapeiro esteve em Lisboa prepara encontro a 3 de setembro, porque «ponto chave» é acolhimento no regresso
Viseu, 08 ago 2023 (Ecclesia) – O coordenador do Comité Organizador Diocesano de Viseu da JMJ 2023 disse hoje à Agência ECCLESIA que as palavras do Papa Francisco tocaram “interiormente os jovens” e que “o recado «Todos, todos, todos» é para a Igreja jovem há mais tempo”.
“Os jovens são inclusivos. Quando se fala de derrubar muros não sinto que tenham muros no contacto com outros jovens e culturas… Eles são da geração do mundo. O recado do «Todos, todos, todos» era claramente para outros, para a Igreja em Portugal no seu todo, para os jovens há mais tempo”, explica Fernando Chapeiro, o responsável que integrou um grupo de cerca de mil jovens de Viseu.
“Sabemos que há dificuldades em deixar os jovens participar, porque chegam com outra dinâmica, querem fazer diferente, cantar e rezar de forma diferente, viver a vida paroquial de forma diferente e os jovens há mais tempo estão habituados a um padrão e ao «sempre se fez assim». O recado do «todos» é para quebrar isso”, acrescenta.
Fernando Chapeiro diz ter testemunhado um “crescendo” de energia que se acentuou com a chegada do Papa Francisco, no dia 2 de agosto.
“Estavam desconfiados, no início, mas o convívio com os outros, conhecer as culturas, nos transportes a conhecerem diversas nacionalidades, que a sua fé é a fé dos outros, que não estão sozinhos neste amor a Cristo vivo, foi-se soltando a alegria que se fazia sentir nos transportes”, recorda.
Acolhidos na diocese de Setúbal, no Monte de Caparica, o grupo atravessava de “barco ou comboio, rumo a Lisboa”, e na travessia a “alegria era sempre contagiante”.
“À noite chegavam cheios de energia, era difícil sossegá-los para dormir porque a alegria era muita, a vontade de partilha e conversar sobre o que vivia no dia era muita. À noite sentia-os a vibrar”, recorda.
A euforia dos primeiros dias, que deixa uma marca “sensorial”, foi sendo ocupada por uma “responsabilidade” que o Papa lhes entrega, quando chega: “Foi o momento de viragem”.
“Não queiram brilhar, deem o brilho aos jovens, escutem, saiam dos holofotes – acho que esse recado foi para a Igreja em Portugal, no seu todo – não é só a hierarquia, é para os leigos”, reforça.
Após a vigília, na noite de sábado, onde o Papa Francisco pede aos jovens para «não terem medo» e depois, “se faz silêncio profundo”, Fernando Chapeiro conversou com o seu grupo.
“No final eu falava com os jovens que acompanhei e disse-lhe que quando o Papa pede para não terem medo é para que percebam que eles são a continuidade da nossa Igreja. Eles são o presente, mas são a continuidade, perante as palavras do Papa têm que pensar que futuro e continuidade dar a Igreja. Ai, percebe-se que o olhar muda quando te confrontam com isto. Alguns emocionaram-se, outros ficaram introspetivos – senti-lhes a responsabilidade que, de facto, são a continuidade da Igreja portuguesa”, assinala.
O responsável pelo COD afirma também a importância do acolhimento na hora do regresso, depois da participação dos cerca de mil jovens na JMJ Lisboa 2023.
“Foi uma semana de curso intensivo, que o motivou e preparou para a ação. Estão a regressar às suas paróquias. A chave do sucesso está no acolhimento no regresso das Jornadas”, traduz.
No dia 3 de setembro a diocese de Viseu vai juntar todos os participantes, “as suas famílias e mesmo os que não puderam ir à Jornada”, para uma tarde conjunta de escuta e de “ponto de partida para o que vem”.
“Os jovens assumem a responsabilidade. Neste momento o segredo, mais do que colocar peso nos jovens, passa mais pela capacidade de os escutar. Eles têm noção da responsabilidade e têm vontade. Há que lhes dar espaço para fazer e propor coisas”, finaliza.
LS