Iniciativa mobilizou Estabelecimentos Prisionais de Coimbra, Porto e Paços de Ferreira















Lisboa, 01 jun 2023 (Ecclesia) – Os reclusos dos Estabelecimentos Prisionais de Paços de Ferreira, Porto e Coimbra estão a construir os 150 confessionários que vão estar disponíveis no Parque do Perdão para os peregrinos da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.
Paulo Domingues, que acompanhou a construção dos confessionários em Coimbra, conta à reportagem publicada no sítio oficial da JMJ Lisboa 2023, que o processo “foi fantástico” e explica que iniciativa funcionou como “um abraço” da sociedade, numa forma de proximidade.
Fernando Pinto Correia, integra a equipa no Estabelecimento Prisional do Porto, e é um dos reclusos que está “inteiramente dedicado a este projeto”, confessando que o trabalho lhe “alivia a cabeça”, sendo esta uma forma de recordar tarefas que “fazia desde pequeno”.
“Lá fora era disto que eu trabalhava desde pequeno; aqui a trabalhar o tempo passa melhor”, explica.
José António da Silveira, diretor do Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, dá conta que o trabalho corre em “velocidade cruzeiro”, apesar da rotatividade da equipa, uma vez que alguns reclusos “iam saindo” o que obrigava a alguma adaptação.
O responsável valoriza projetos semelhantes que ajudam a mostrar “à comunidade, à sociedade” que dentro do estabelecimento prisional “se fazem coisas boas”.
Normalmente, quando se fala de um estabelecimento prisional, aquilo em que as pessoas que não conhecem a realidade pensam, é sempre em coisas negativas. E não, fazem-se coisas muito boas cá dentro, temos homens muito capazes, homens muito competentes, pessoas com muita vontade de cumprir a pena deles e de não voltar cá a casa”.
No Estabelecimento Prisional do Porto os reclusos mostram uma chapa que deixará uma marca em todos os confessionários feitos por esta equipa.
Manuel Dias, responsável pelo envernizamento das madeiras, conta que o trabalho tem “corrido bem” e manifesta a sua alegria por integrar este projeto, apesar da pena que tem de não poder ver os jovens a sentar-se nos confessionários.
Paulo Teixeira foi quem escolheu os seis homens no Estabelecimento Prisional do Porto para integrar a equipa que ajudariam na construção dos 50 confessionários, pessoal que se manteve e que necessitou de se ajustar para responder ao desafio e “cumprir” com a vida e regras de um estabelecimento prisional.
“Eles aceitaram muito bem [o projeto] e andam entusiasmados”, valoriza o responsável, que acrescenta apenas a missão de incentivar e colocar a equipa a trabalhar.
O Estabelecimento Prisional do Porto fez mais um confessionário para poder ficar para servir todos os reclusos que se pretendam confessar durante o seu período privado de liberdade, adianta a JMJ Lisboa 2023.
Em Coimbra, depois de dois meses de trabalho, os confessionários rumam a Lisboa, resultado do trabalho de cinco reclusos.
Pedro Silva, que integrou a equipa, tem vontade de participar na JMJ Lisboa 2023, uma vez que tem saída do estabelecimento prisional marcada para o dia 10 de junho.
Enquanto o dia não chega, olha para a construção dos confessionários como “um alívio para o stress e no dia-a-dia”.
“(Espero) que gostem, que admirem o trabalho que foi feito. Da minha parte meti empenho, amor e dedicação”, conta.
A organização explica que a construção dos confessionários é um serviço remunerado que valoriza o trabalho realizado pelos reclusos e contribui para a sua reinserção na sociedade.
Os confessionários serão colocados no Parque do Perdão, espaço onde “os peregrinos podem fazer um encontro com o Cristo Misericordioso através do Sacramento da Reconciliação”, entre os dias 1 a 4 de agosto, das 10h00 às 18h00.
A JMJ Lisboa 2023 vai decorrer de 1 a 6 de agosto, e a organização divulgou que há 600 mil peregrinos pré-inscritos, de 184 países, numa lista liderada por Espanha, Itália e Portugal.
O encontro mundial, que Portugal recebe pela primeira vez, inclui na sua programação um conjunto de eventos culturais, religiosos e desportivos, protagonizados pelos peregrinos da JMJ que tem como tema ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’, uma passagem do Evangelho segundo São Lucas (Lc 1,39).
LS