JMJ Lisboa 2023: «Aqui a água foi bem agitada», afirmou o Papa durante o encontro com os Jesuítas em Portugal

Francisco pediu que continuem a acompanhar todos os jovens, quem participou mas também os outros, e revelou que a alegria que tem em mente é a preparação do Sínodo

Foto: JMJ Lisboa 2023/Nuno Moreira

Lisboa, 28 ago 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou no encontro com os Jesuítas de Portugal que a “alegria” que tem em mente “é a preparação do Sínodo” sobre a Sinodalidade, destacou como preocupações as guerras e disse que é necessário acompanhar todos os jovens, após a JMJ 2023.

“A Jornada Mundial da Juventude está a envolver muitos jovens em Portugal. É preciso acolher a inquietação dos jovens e ajudá-los a desenvolvê-la, para que essa inquietação não se transforme numa memória do passado”, disse o Papa, no encontro realizado no dia 5 de agosto, à margem da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.

Durante a conversa do Papa com os Jesuítas de Portugal, enviada hoje à Agência ECCLESIA e publicada no sítio online ‘Ponto SJ’, da Companhia de Jesus em Portugal, em simultâneo com a Revista italiana ‘La Civiltà Cattolica’, Francisco afirma que a Jornada Mundial da Juventude “é uma sementeira no coração de cada rapaz e rapariga”, e “tem de dar frutos”, o que “não é fácil”.

“Peço-vos que continuem, com os jovens que estão presentes, mas também com aqueles que não participaram. Aqui a água foi bem agitada, e o Espírito Santo aproveita para tocar os corações; é tempo de lançar as redes, no sentido evangélico da palavra.”

A primeira edição internacional da JMJ em território português, de 1 a 6 de agosto, em Lisboa, teve mais de 1,5 milhões de participantes nas celebrações conclusivas, no Parque Tejo, presididas pelo Papa.

Foto: Vatican News

Ainda no contexto da JMJ Lisboa, um jesuíta, que trabalha no Centro Universitário de Coimbra, onde “há muitos jovens que se identificam como homossexuais”, questionou o Papa sobre o seu discurso na cerimónia de boas-vindas, quando disse que todos são chamados e há lugar para todos na Igreja.

“Penso que o apelo dirigido a «todos» não tem discussão. Jesus é muito claro: todos; E para que fique claro, Jesus diz «sãos e doentes», «justos e pecadores», todos, todos, todos. Por outras palavras, a porta está aberta a todos, todos têm o seu espaço na Igreja. Como é que cada um o vive? Ajudamos as pessoas a viver de forma a poderem ocupar esse lugar com maturidade, e isto aplica-se a todo o tipo de pessoas”, desenvolveu.

O Papa observou que hoje em dia “o tema da homossexualidade é muito forte”, e a sensibilidade muda consoante as circunstâncias históricas, mas o que não lhe “agrada nada, de um modo geral”, é que olhem para o “chamado «pecado da carne» com uma lupa”, como fizeram “durante tanto tempo em relação ao sexto mandamento”.

“Não podemos ser superficiais e ingénuos, forçando as pessoas a coisas e comportamentos para os quais ainda não estão maduras, ou não são capazes. Acompanhar espiritualmente e pastoralmente as pessoas exige muita sensibilidade e criatividade. Mas todos, todos, todos são chamados a viver na Igreja: nunca se esqueçam disso”, desenvolveu.

O Papa lembrou que participam “sempre” nas audiências gerais públicas de quarta-feira “grupos de mulheres transgéneros”, levadas pela irmã Geneviève, religiosa de Charles de Foucauld, com 80 anos, capelã no Circo de Roma com mais duas freiras, e, na primeira vez, “estavam a chorar” porque o Francisco as recebeu.

“Após a primeira surpresa, habituaram-se a vir. Algumas escrevem-me e eu respondo-lhes por correio eletrónico. Todos são convidados! Apercebi-me de que estas pessoas se sentem rejeitadas, e isso é muito duro”, observou.

O Papa Francisco encontrou-se com mais de 90 jesuítas da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, na capela do Colégio São João de Brito, em Lisboa, e respondeu a várias “perguntas espontâneas”, depois do padre Miguel Almeida, superior provincial, ter feito uma breve apresentação da realidade da Companhia em Portugal.

“A alegria que mais tenho em mente é a preparação do Sínodo, mesmo que por vezes veja, nalgumas partes, que há falhas na forma como é conduzido. A alegria de ver como dos pequenos grupos paroquiais, dos pequenos grupos de igrejas, surgem reflexões muito bonitas e há um grande fermento. É uma alegria”, explicou, salientando que o Sínodo dos Bispos “é uma invenção” do Papa Paulo VI, no final do Concílio Vaticano II.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 29 de outubro de 2023, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’.

No sentido oposto, Francisco revelou que as guerras são o que o “preocupa muito”, afirmando que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1945), “as guerras são incessantes em todo o mundo”.

O Papa abençoou algumas crianças doentes que se encontravam à entrada do colégio e abençoou a estátua de São João de Brito, esculpida pelo padre João Sarmento (SJ).

CB

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