JMJ Lisboa/ 1º aniversário: «Os jovens chegavam, participavam, iam embora e nunca tinham oportunidade de falar» – D. Américo Aguiar

Coordenador-geral da jornada valorizou os encontros Rise Up, a aposta no testemunho na Cidade da Alegria, a participação das pessoas com deficiência e a centralidade de temas como a ecologia, o diálogo inter-religioso e a Economia de Francisco

Lisboa 02 ago 2024 (Ecclesia) – O coordenador-geral da JMJ Lisboa 2023 afirmou que a jornada de Lisboa distanciou-se da propaganda e apostou no testemunho na Cidade da Alegria, valorizou a participação de pessoas com deficiência e as mudanças nos encontros “Rise Up”.

“O Espírito Santo chamou-nos a atenção de que, nas jornadas, os jovens chegavam, participavam, iam embora e nunca tinham oportunidade de falar. E todos descobrimos que isso era verdade, que não havia essa interação”, lembrou D. Américo Aguiar.

Em entrevista sobre a preparação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que decorreu em agosto de 2023, o coordenador-geral disse que, para valorizar a participação dos jovens, a organização quis “redesenhar uma nova catequese”, que normalmente, no histórico das jornadas, consistia na comunicação de um bispo.

Na JMJ Lisboa 2023, as catequeses foram substituídas pelos encontros Rise UP, com uma preparação prévia antes da semana da jornada, a comunicação dos jovens participantes e também de um bispo.

“Não foi unânime, porque o Norte e o Sul, a Europa e a América, a África e a Ásia, a América Latina… Nem todos pensam a mesma coisa, nem todos têm a mesma sensibilidade”, afimou, valorizando a possibilidade de ter sido possível “dar um passo”.

Ecologia integral, amizade social e misericórdia foram os temas para os três dias de encontros Rise Up, que decorreram em cerca de 270 espaços e em mais de 30 idiomas.

Na entrevista à Agência ECCLESIA, que recorda cada dia da JMJ Lisboa 2023 e o percurso de preparação que aconteceu, desde 2019, e vai depois ser publicada pela Paulus Editora, D. Américo Aguiar refere-se também ao conceito inaugurado com a Cidade da Alegria, onde as várias exposições de congregações religiosas ou movimentos foram sobretudo uma ocasião de testemunho.

“Quisemos provocar os presentes, as instituições, as congregações, os institutos e as entidades, para que fosse mais testemunhal do que propriamente propagandístico, mais querigmático, de anúncio, do que propriamente apologético, de defesa disto ou aquilo. E dizem que isso foi conseguido”, afirmou.

A Cidade da Alegria tinha a presença de 130 “anfitriões”, uma capela com a exposição da Eucaristia e o Parque de Perdão, com 150 confessionários, construídos em três estabelecimentos prisionais.

Foto JMJLisboa2023/Carlos Leitão

“Mais de 90% desses confessionários, hoje, estão em igrejas paroquiais de Portugal. Eu às vezes encontro-as, fico todo feliz”, afirmou.

O coordenador-geral referiu-se também às parcerias com organizações spúblicas e privadas para, em conjunto, ser trabalho o tema da ambiente, afirmando que nem sempre é fácil “encaixar o que todos, todos, todos, querem”.

Para D. Américo Aguiar, a temática da ecologia integral, em sintonia com o Papa Francisco, coloca “de uma maneira muito especial” a prioridade na pessoa humana e “nos equilíbrios que são necessários”, sem cair “em ’ismos’ e em exageros” que “acabam por fazer muito ruído e não corresponder àquilo que é a urgência da conversão ecológica”.

O agora bispo de Setúbal referiu-se também à presença inter-religiosa na JMJ Lisboa 2023, lembrando que se trata de um “ativo” das jornadas, “um evento promovido pelo Papa” que “nunca deixou de estar aberto o convite a todos, todos, todos os jovens”.

“Cada vez mais, de jornada para jornada, nós vamos tendo a participação de muitos jovens, oriundos de várias religiões, que participam, conhecem-se mutuamente e respeitam-se, com a alegria de irmãos que somos”, afirmou.

O cardeal D. Américo Aguiar valorizou também o debate em torno do tema “Economia de Francisco”, que “não é contra o mercado”, mas a favor “de se fazerem as coisas de maneira a que a pessoa humana tenha prioridade” e valorizou a participação de pessoas com deficiência na preparação da jornada, a acolitar o Papa e a cantar, através do projeto “Mãos que cantam”.

Até ao dia 6 de agosto, a entrevista ao coordenador-geral da JMJ Lisboa 2023 vai recordar os dias dos eventos centrais, que ocorreram há um ano, e a história da respetiva preparação; a entrevista na íntegra vai ser publicada pela Paulus Editora, em outubro próximo.

PR

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Agência ECCLESIA

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