Primeiro concurso vai abrir no dia 16 de outubro e as candidaturas visam iniciativas focadas ou lideradas por jovens, com idades entre os 15 e os 35 anos

Lisboa, 06 ago 2025 (Ecclesia) – A Fundação que organizou a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 assumiu hoje um novo nome, uma nova imagem e a estratégia para os próximos anos, anunciando que vai apoiar anualmente projetos de jovens em Portugal, com 800 mil euros.
“A nossa perspetiva é, todos os anos, poder abrir pelo menos duas linhas de apoio no valor total de 800 mil euros”, afirmou Marta Figueiredo, diretora executiva da Fundação Jornada, esta manhã, em conferência de imprensa, na sede desta entidade, em Lisboa.
O primeiro modelo-piloto de apresentação de candidaturas arranca no dia 16 de outubro para apoio a projetos focados nos jovens ou liderados por jovens, com idades entre os 15 e os 35 anos.
A responsável explica que este será aberto a qualquer “entidade que esteja legalmente constituída em Portugal”, a “grupos informais” ou a “qualquer grupo de jovens”.

O teto máximo para os apoios concedidos a cada projeto é, nesta primeira linha de apoio, de 30 mil euros, de uma verba global de 360 mil euros, resultantes do fundo de 35 milhões de lucros da JMJ.
Educação, Formação, Espiritualidade, Saúde Mental e Cidadania são as áreas das iniciativas que a Fundação Jornada, antes Fundação JMJ Lisboa 2023, se propõe apoiar, mas admite poder alargar a outros temas.
“Depende um bocadinho dos projetos que agora chegarem até nós”, afirmou D. Alexandre Palma, presidente da Fundação Jornada, acrescentando que a equipa não quis “pôr demasiados filtros à entrada no concurso”, que não tem limite máximo de candidaturas.
Marta Figueiredo reforça que no dia 16 de outubro será disponibilizado o “regulamento com toda a informação detalhada, de forma transparente, com todos os critérios” de “avaliação e de seleção dos projetos”.
“Posso adiantar já que será um processo em que procuraremos, sobretudo, avaliar o alinhamento dos projetos com aquilo que é a visão de impacto da própria Fundação, ou seja, uma preocupação em que, efetivamente, os projetos tenham a intenção de gerar transformação positiva nos jovens”, destacou.
Além do apoio financeiro, a Fundação Jornada, que tem como lema “a fé move, a ação multiplica”, pretende sobretudo capacitar pessoas.
“O que queremos, e muito nesta lógica que trazia o D. Alexandre de multiplicar o legado, é também contar com parceiros que tenham experiência nas mais diversas áreas para poder também capacitar os projetos e os jovens neles envolvidos”, realçou a diretora executiva.
Sobre a possibilidade de a Fundação Jornada poder realizar investimentos diretos, desenvolvendo projetos próprios, D. Alexandre Palma mencionou que “nesta fase não está no plano estratégico”.
“Nós queremos ser parceiros, não queremos ser protagonistas, de indivíduos e de instituições. Acreditamos que essa também é uma maneira de retribuir à sociedade e à Igreja Portuguesa todo o compromisso com a JMJ”, referiu.
“Pessoas e instituições que estão no terreno provavelmente vão fazer isso melhor do que nós. E, portanto, a tal humildade que eu referia também se manifesta nisso. Ou seja, mais vale reforçar quem está a fazer bem do que estar a fazer ao lado”, desenvolveu o bispo auxiliar de Lisboa.

A nova sede da Fundação Jornada situa-se em Carnide, nas instalações da Fundação Maria Droste, uma casa de acolhimento para crianças e jovens retiradas por ordem judicial às suas famílias por estarem em situação de risco e vulnerabilidade, local que não foi escolhido ao acaso.
“Nós também quisermos vir para este ambiente, para estarmos próximos daquilo que nós vamos querer, de alguma maneira, acompanhar”, adiantou o responsável à Agência ECCLESIA.
D. Alexandre Palma assumiu a função de presidente da Fundação Jornada em julho de 2024 e testemunha que ao longo do último ano o “trabalho discreto” da equipa passou por “pensar, programar, projetar uma certa transformação” desta entidade.
“Para mim tem sido, de facto, uma experiência de sinodalidade dentro da fundação, desde os órgãos sociais da fundação, mas também até com muitos outros parceiros”, acentuou.
LJ
Na sessão de relançamento da Fundação Jornada, D. Alexandre Palma fez vários agradecimentos, nomeadamente aos jovens e ao Papa Francisco, os grandes protagonistas da JMJ Lisboa 2023, e falou do “legado material” deixado pelo encontro que reuniu na capital portuguesa mais de um milhão de peregrinos: o lucro de 35 milhões de euros. “Este legado para nós é um bem imenso. É um bem. É uma enorme responsabilidade com que lidamos de forma muito humilde, mas é um enorme bem, porque permite fazer bem a muita gente”, salientou. No entanto, sublinhou, a jornada “é também um legado imaterial e esse é igualmente precioso e valioso para o futuro”, referindo-se à presença e às “palavras extraordinárias” que o “Papa Francisco semeou em Portugal”. “Nós sabemo-lo hoje o que, na altura, não podíamos saber. É que, provavelmente, aquilo que o Papa quis dizer aos jovens em Lisboa e em Portugal foi o seu testamento aos jovens. E isso é, para nós, um enorme orgulho, se posso dizer, não escondo, mas também uma enorme responsabilidade”, expressou. O bispo apontou também “o protagonismo que os jovens tiveram no antes” e “no durante da jornada de 2023” como legado imaterial. O presidente da Fundação Jornada evidenciou que a juventude teve um “destaque”, uma “iniciativa”, um “espaço” para poder agir que “provavelmente não tinha acontecido antes”. “E a experiência que fizemos, creio eu, todos, Igreja e sociedade, é que quando damos espaço, quando damos condições, quando acreditamos que os jovens são capazes de fazer, a experiência é de sucesso, é de encanto, é de beleza e é de bondade”, realçou. O bispo auxiliar de Lisboa abordou ainda o desafio que representa a herança fruto do encontro mundial, dando conta do sonho que a Fundação Jornada tem em que esta “alavanca” possa impulsionar a geração de 2023, mas também as seguintes. “A Jornada Mundial da Juventude 2023 não tem que ficar encapsulada numa geração. Pode ajudar a impulsionar, a capacitar, a aproximar outras gerações, porque outras gerações de jovens vão surgir na Igreja e na sociedade portuguesa. Queremos estar com a juventude de hoje, mas também com a juventude da amanhã”, frisou. Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Alexandre Palma considerou que já é possível ver frutos da JMJ, remetendo para a “enorme mobilização” de “todas as dioceses” no Jubileu dos Jovens, em Roma, que decorreu de 28 de julho a 3 de agosto. “A Jornada Mundial da Juventude abriu em Portugal a possibilidade ou a experiência de um testemunho da fé alegre, que não esconde o que é, mas também não impõe a sua identidade no espaço público”, defendeu. O bispo acredita que se está a inaugurar “uma nova fase da presença da Igreja no espaço público português”. |
Notícia atualizada às 21h23