JMJ 2023: «Todos, todos, todos não é um slogan dos progressistas» – Rita Sacramento Monteiro

Integrante do grupo «Economia de Francisco Portugal» abordou mensagens deixadas pelo Papa, no encontro mundial em agosto, e os desafios do pós-JMJ

Foto Agência ECCLESIA/PR

Lisboa, 14 nov 2023 (Ecclesia) – Rita Sacramento Monteiro, do grupo ‘Economia de Francisco em Portugal”, afirmou que o apelo à integração de “todos, todos, todos” que o Papa Francisco deixou em agosto, durante a JMJ Lisboa 2023, é mais do que “um slogan dos progressistas”.

“Este, todos, todos, todos não é ideal ideológico, não pode ser ideológico, não é um slogan político e não é um slogan dos progressistas”, disse à Agência ECCLESIA.

A entrevistada entende que o objetivo de Francisco com a expressão foi remeter para “o mandato original da Igreja e para aquilo que é o Evangelho”.

“Ele (Papa) pôs o dedo na ferida dos vícios atuais da igreja, da estrutura da Igreja, do clericalismo, destes abusos de poder, de não percebermos que mandato, que papel é que nos foi confiado e depois de irmos numa lógica que é do mundo, da cultura dominante, de transformarmos tudo em ideológico”, acrescentou.

De acordo com Rita Sacramento Monteiro, “a ideologia perverte” e existe o risco de cada pessoa se limitar à ideia que tem de uma realidade e fechar-se à perspetiva do outro.

“O Papa insistiu na expressão, porque o caminho, aquilo que o espírito nos está a inspirar neste momento da Igreja, é esse mesmo de abertura e de diálogo e, por isso, tanta repetição de todos, todos, todos”, advertiu.

A entrevistada considera que o Papa escolheu imagens muito simbólicas na JMJ para falar aos jovens, tendo uma delas sido o apelo para que estes sejam “Surfistas do amor”.

“O mar impõe muito respeito e se pensarmos no mar como Deus, como a vida, pede confiança e pede esta capacidade de nos arriscarmos e de nos mergulharmos nesta água que é a vida”, apontou.

Para a jovem, esta frase é um convite aos jovens para serem capazes de amar: “O amor também mete medo, o amor pede compromisso, pede um sim, mas não tenham medo de ir navegando esta água do amor”.

Rita Sacramento Monteiro acredita que, neste momento, na Igreja existe um “grande” desafio que é o diálogo com a “geração jovem”, sentindo que é necessário ouvi-la.

“O Papa tem pedido muito que se permita a esta geração ser protagonista, não para ela ir sozinha ou para ela liderar sozinha, mas para ela ir com todos e poder contagiar todas as gerações com a energia e com o ânimo, com o ímpeto que nós sabemos também que é próprio desta geração”, indicou, destacando que é necessário dar não só a liderança aos jovens, mas também aos leigos.

“Precisamos de maior diversidade nestes papéis da Igreja que são importantes para a vida da comunidade”, disse ainda.

Rita Sacramento Monteiro é a convidada deste domingo do ’70×7′, transmitido pelas 17h30, na RTP2, num programa dedicado à Jornada Diocesana da Juventude e se recorda a JMJ de Lisboa.

“A jornada deixou muitas sementes na Terra e agora é preciso tempo para elas crescerem”, salienta.

A jovem assume que após o encontro mundial em Lisboa é necessário agir: “Se não passarmos à ação, o que formos intuindo neste pós-jornada, corremos o risco também de perder a oportunidade que estas sementes efetivamente deem fruto”.

“O Papa tem falado do clericalismo e de uma atitude em relação à hierarquia que não é saudável.  O que eu acho que nós precisamos é de um olhar novo para a estrutura e a estrutura deve ser uma estrutura necessariamente transformada para responder aos desafios não só da Igreja, mas do tempo atual e, por isso, o que nos é pedido é sermos capazes de trabalhar em conjunto”, conclui.

PR/LJ/OC

Especial: Representantes de todas as dioceses de Portugal descrevem a experiência da JMJ e informam sobre a celebração diocesana, este domingo (c/ vídeo)

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Agência ECCLESIA

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