JMJ 2023: Todos em Lisboa para lançar «sementes de futuro» – os desafios do Papa

Mensagem orientadora para encontro mundial evoca impactos da pandemia e da guerra, nos últimos anos

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 01 ago 2023 (Ecclesia) – A mensagem do Papa para a 37ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), cuja edição internacional se inicia hoje em Lisboa, convida os peregrinos para um “abraço da reconciliação e da paz” na capital portuguesa.

“Queridos jovens, que na JMJ possais experimentar novamente a alegria do encontro com Deus e com os irmãos e as irmãs. Depois dum prolongado período de distanciamento e separação, em Lisboa – com a ajuda de Deus – reencontraremos juntos a alegria do abraço fraterno entre os povos e entre as gerações, o abraço da reconciliação e da paz, o abraço duma nova fraternidade missionária”, escreve Francisco.

O texto parte do tema anunciado em 2019, ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’, uma passagem do Evangelho segundo São Lucas (Lc 1,39).

“A Mãe do Senhor é modelo dos jovens em movimento, jovens que não ficam imóveis diante do espelho em contemplação da própria imagem, nem ‘alheados’ nas redes. Ela está completamente projetada para o exterior”, pode ler-se.

Francisco apresenta os jovens como esperança duma “nova unidade para a humanidade fragmentada e dividida”.

Queridos jovens, é tempo de voltar a partir apressadamente para encontros concretos, para um real acolhimento de quem é diferente de nós, como acontece entre a jovem Maria e a idosa Isabel. Só assim superaremos as distâncias entre gerações, entre classes sociais, entre etnias, entre grupos e categorias de todo o género, e superaremos também as guerras”.

A XXXVII Jornada Mundial da Juventude decorre em Lisboa de 1 a 6 de agosto de 2023 – após ter sido adiada, por um ano, devido à pandemia de Covid-19.

O Papa fala, por isso, num “novo começo para vós jovens e, convosco, para toda a humanidade”.

“Que o Espírito Santo acenda nos vossos corações o desejo de vos levantardes e a alegria de caminhardes todos juntos, em estilo sinodal, abandonando falsas fronteiras. O tempo de nos levantarmos é agora. Levantemo-nos apressadamente! E, como Maria, levemos Jesus dentro de nós, para O comunicar a todos”, acrescenta.

‘Todos juntos em Lisboa!’ é um dos tópicos da mensagem, na qual se evocam os “últimos tempos tão difíceis, em que a humanidade já provada pelo trauma da pandemia, é dilacerada pelo drama da guerra”.

“Cada um de vós pode perguntar-se: Como reajo perante as necessidades que vejo ao meu redor? Busco imediatamente uma justificação para não me comprometer, ou interesso-me e torno-me disponível? É certo que não podeis resolver todos os problemas do mundo; mas talvez possais começar por aqueles de quem está mais próximo de vós, pelas questões do vosso território”, aponta Francisco.

No mundo, quantas pessoas esperam uma visita de alguém que cuide delas! Quantos idosos, doentes, presos, refugiados precisam do nosso olhar compassivo, da nossa visita, de um irmão ou uma irmã que ultrapasse as barreiras da indiferença”.

Na última semana, o Papa anunciou como intenção de oração para agosto a JMJ Lisboa 2023, num vídeo divulgado nas plataformas digitais.

“Gostaria de ver em Lisboa uma semente do mundo do futuro. Um mundo onde o amor esteja no centro, onde nos possamos sentir irmãs e irmãos. Estamos em guerra, precisamos de outra coisa”, refere, na nova edição de ‘O Vídeo do Papa’.

Francisco pede que os jovens protagonizem “um mundo que não tenha medo de testemunhar o Evangelho”.

“Um mundo com alegria, porque os cristãos se não temos alegria, não somos credíveis, ninguém acredita em nós”, acrescenta, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.

O vídeo inclui uma conversa do Papa com alguns jovens, que o questionam sobre o lema da Jornada de Lisboa, ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’, uma passagem do Evangelho segundo São Lucas.

“Maria, quando sabe que vai ser a mãe de Deus, não fica parada a tirar uma selfie ou pensando o que fazer. A primeira coisa que faz é pôr-se a caminho, apressadamente, para servir, para ajudar. Também vocês têm de aprender dela a colocar-se a caminho, para ajudar os outros”, responde Francisco.

Os eventos centrais da JMJ incluem a Missa de Abertura, que vai ser presidida por D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, no Parque Eduardo VII, pelas 19h00.

Já na quinta-feira, o mesmo espaço recebe a celebração de acolhimento do Papa; ainda no Parque Eduardo VII, na sexta-feira, vai ser celebrada a Via-Sacra, colocando os jovens a rezar com Francisco, acompanhados pelo coro e a orquestra da JMJ.

Já no Parque Tejo, entre os municípios de Lisboa e Loures, decorre a Vigília, na noite de 5 de agosto.

Após pernoitarem no local, os peregrinos participam na Missa de Envio, presidida pelo Papa no domingo, dia 6 de agosto; antes de regressar ao Vaticano, Francisco encontra-se com os voluntários da JMJ.

A JMJ inclui na sua  programação  um conjunto de eventos culturais, religiosos e desportivos, protagonizados pelos peregrinos da JMJ no “Festival da Juventude”, espalhado por 100 espaços da cidade.

Outro ponto central da programação vai ser a “Cidade da Alegria”, no Jardim Vasco da Gama, em Belém, que acolhe a Feira Vocacional e o Parque do Perdão.

As tradicionais catequeses – nas manhãs de quarta, quinta e sexta-feira -, dão lugar em Lisboa a um novo modelo de encontro entre os jovens e os bispos, o ‘Rise Up’, para que as novas gerações “possam falar daquilo que as preocupa”.

OC

A JMJ nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

A celebração assinala-se anualmente, a nível diocesano (atualmente na solenidade de Cristo-Rei, último domingo do ano litúrgico), e tem uma edição internacional, a cada dois ou três anos, numa grande cidade, para o encontro de jovens de todo o mundo com o Papa.

A 27 de janeiro de 2019, na conclusão da Jornada Mundial da Juventude na cidade do Panamá, Lisboa foi anunciada como sede do evento.

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo depois passado pelas cidades de Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

 

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Agência ECCLESIA

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