JMJ 2023: O sonho de Deus

Tatiana de Jesus, Diocese de Setúbal

É impossível dissociar o evento da Jornada Mundial da Juventude (qualquer que ela seja) do caminho que é percorrido até lá chegar. Todo aquele que já participou numa edição das JMJ ou já ouviu um testemunho, sabe e sente isso.

No que respeita particularmente à JMJ em Lisboa, tudo isto ganha uma outra dimensão não só porque se trata de uma vivência muito próxima, mas também porque o sentido enquanto país que acolhe é completamente diferente. Nos últimos tempos, muitas são as ditas polémicas que surgem na comunicação social em volta do “evento JMJ”. É natural que surjam e é ainda mais natural que pessoas que não estejam dentro do assunto se interessem. É certo que muita coisa não é boa de ouvir ou de ler, mas é bom falar sobre as coisas. A nós, cristãos católicos, é ainda mais premente falar sobre isto. O que nos incomoda causa desconforto, desinstala-nos, faz-nos mexer. Isto é a Igreja a acontecer, é Jesus a acontecer na vida de cada um! Jesus também foi polémico. O que seria de nós se não tivesse sido?

Jesus não deixou de chamar Mateus, Zaqueu, Bartimeu e tantos outros que “à primeira vista” não seriam os escolhidos. Jesus chamou-os para fazerem caminho com Ele. E se Jesus vier ao teu encontro na JMJ de Lisboa? Se chamar pelo teu nome? Aceitas? Confias? Tudo isto é caminho de e para a santidade.

A JMJ faz, sem sombra de dúvida, parte do nosso caminho para e com Jesus. Os jovens (e não só) do mundo inteiro querem muito vir até Lisboa ver o Santo Padre e fazer esta experiência, mas tal vontade corresponde ao desejo profundo que lhes foi posto no coração por Jesus. Alguns até nem saberão agora, mas vão descobrir.

Há muito que as comunidades em Portugal preparam este encontro. Com a JMJ cada vez mais perto, sinto nestas comunidades (particularmente as da minha diocese) a esperança nas pessoas com quem me vou cruzando. A JMJ a acontecer em Lisboa é, acima de tudo, sobre caminho. E não há caminho que não comece sem antes ter sido sonhado. A JMJ Lisboa foi sonhada por Jesus para todos os que se permitem vivê-la, mas foi igualmente sonhada para cada um, porque se há marca que uma JMJ deixa é o encontro pessoal com Jesus.

Neste caminho apressado, nesta pressa de ser mais, não nos percamos no que há para fazer, nos prazos que há para cumprir ou nos resultados que há para atingir. Tomemos antes conta que a única pressa que importa é a que nos leva para Deus e este caminho “só tem sentido na medida em que nos faz ser mais para Deus.”

 

Tatiana de Jesus, Mestre em Psicologia da Educação, faz parte da equipa do Departamento da Juventude, sendo a responsável pelo acompanhamento da Vigararia do Montijo

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