Jovens de vários países uniram-se a reflexão sobre a fragilidade das novas gerações, na Via-Sacra
Lisboa, 04 ago 2023 (Ecclesia) – O Parque Eduardo VII acolheu hoje uma Via-Sacra que sublinhou situações de fragilidade na vida dos jovens, que se mostravam curiosos sobre as mensagens que iriam ser apresentadas.
Carolina Viegas, de Olhão, considera que há uma herança do passado que pesa no futuro dos jovens.
“Os jovens carregam o peso de alguns problemas do passado, que vão ser eles que terão que resolver ou sofrer as consequências e isso preocupa”, reconhece.
Quanto ao seu maior receio, confessa: “É ter de viver num mundo que não desejei e não ter aquele que quis e não consegui construir”.
Ana Rodrigues veio de Machico, na Diocese do Funchal, e tinha frescas na memória o apelo do Papa na quinta-feira, para os perigos das redes sociais.
“Hoje os jovens vivem mergulhados nas redes sociais e nem se apercebem como perdem o dia a dia da vida”, diz a jovem madeirense à Agência ECCLESIA.
João Paulo, um dos jovens no Parque Eduardo VII, entende que muitos vivem hoje “preocupados com a sua imagem e com o que os outros pensam deles” e o caminho é “acreditar em si como são, isso é essencial para a sua saúde mental”.
“Temos de gostar de nós e acreditar em nós”, insiste.
João Paulo admite receios sobre o futuro: ““A incerteza do trabalho e a incerteza de encontrar alguém que me possa acompanhar ao longo da vida, mas com a ajuda de Deus acredito no meu caminho”.
Cláudia e Lúcia vieram de Madrid e aguardavam a chegada do Papa ao Parque Eduardo VII, durante a última tarde.
Na expectativa de uma Via Sacra atenta à condição dos jovens, Cláudia confessava a sua preocupação pelo emprego e pela situação económica que no seu entender “condiciona muito o futuro dos jovens”.
Lúcia diz que “o futuro é uma incerteza”, contando com a sua “vontade e motivação”.
De Espanha veio também o Alexandro que admite preocupações com “o emprego, a família e o ambiente”, mas a sua atitude é “viver o presente com mais intensidade e não com medo do futuro”.
Olhando o sofrimento dos jovens, Alexandro identifica como questão fundamental a da “solidão”.
“Não se fala muito porque com as redes sociais parece que há muitas amizades e muitas pessoas à volta, mas penso que há muitos jovens a sofrer de solidão interior”, indica.
Mariana veio da Batalha e reconhece que a JMJ é uma experiência especial para os jovens.
“Acontecimentos como este ajudam a que os jovens olhem para lá deles próprios e criem comunidade”, precisa.
A jovem catequista confessa preocupação pela “falta de humanidade e cuidado com os outros” que marca as relações.
Em tom laranja estavam, entre os alunos do Externato Marista, Catarina mostrava a convicção na capacidade de esta Via-Sacra em “criar união entre todos e ser estímulo para a fé dos jovens”.
Também aluno marista, Francisco Quintanilha dava conta da “falta de confiança” que afeta muitos jovens, mas também da convicção de “a presença do Papa e as suas palavras” são “a força” que os jovens precisam.
Dinis Penha Alba, que veio do México, aponta como problema central dos jovens a “falta de amor”.
A voluntária na JMJ reconhece nas relações, uma “ausência de fraternidade e empatia” coisas que no seu entender são essenciais aos jovens, mas que “como irmãos, todos têm de partilhar”.
“Nos momentos de dor também nos podemos identificar com Jesus, oferecer-lhe esse sofrimento e ter a certeza de que Ele será muito reconfortante para nós”, acrescenta.
Estima-se que 800 mil jovens tenham participado esta tarde, no Parque Eduardo VII, na Via-Sacra com o Papa Francisco.
HM/OC
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