JMJ 2019: Nuvem, «app» e Maria, a «influencer» – Papa faz discurso inspirado nas tecnologias digitais para desafiar os jovens

Vigília de oração, com 600 mil pessoas, encerrou-se perante Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima

Cidade do Panamá, 26 jan 2019 (Ecclesia) – O Papa desafiou hoje os participantes na Jornada Mundial da Juventude (JM), que decorre no Panamá, a usar o potencial das novas tecnologias para serem ‘influencers’, com a sua fé, a exemplo da Virgem Maria.

“Sem dúvida, a jovem de Nazaré não aparecia nas ‘redes sociais’ de então, não era uma influencer – uma influenciadora digital – mas, sem querer nem procurá-lo, tornou-Se a mulher que maior influência teve na história”, referiu, no discurso que pronunciou durante a vigília de oração, no Campo São João Paulo II.

“Maria, a influencer de Deus. Com poucas palavras, soube dizer ‘sim’, confiando no amor e nas promessas de Deus, única força capaz de fazer novas todas as coisas”, acrescentou.

O maior encontro de peregrinos, até ao momento, na JMJ 2019, levou os participantes para fora da Cidade Velha e juntou 600 mil pessoas, segundo dados oficiais da organização, num novo espaço ao ar livre, onde muitos vão passar a noite em tendas.

Francisco recorreu a vários termos do mundo digital, para passar a sua mensagem aos mais novos: “A vida não é uma salvação suspensa ‘na nuvem’ – no disco virtual – à espera de ser descarregada, nem uma nova ‘aplicação’ para descobrir ou um exercício mental fruto de técnicas de crescimento pessoal”.

Antes da chegada do Papa, o local teve, ao longo de várias horas, momentos de animação musical, apresentações artísticas e multimédia.

Insistindo na necessidade de olhar para a realidade concreta, o pontífice sublinhou que “não basta estar conectado o dia inteiro para se sentir reconhecido e amado”.

A multidão aplaudiu várias passagens da intervenção, incluindo uma referência ao fundador dos Salesianos, São João Bosco, considerado uma referência da Igreja Católica na ação com as novas gerações.

“É preciso olhar os jovens com os olhos de Deus e ele (São João Bosco) assim fez”, afirmou.

A vigília incluiu testemunhos de uma família do Panamá, que recusou abortar uma filha com deficiência; de um antigo “pandillero”, ex-toxicodependente que esteve preso, também do Panamá; e de uma jovem cristã palestina, que falou sobre a perseguição religiosa.

O Papa agradeceu ao casal Erika e Rogelio, pelo seu depoimento e pela defesa da sua filha Inês.

“Acreditastes que o mundo não é só para os fortes. Obrigado”, observou.

Porventura alguém, pelo facto de ser deficiente ou frágil, não é digno de amor? Pergunto: uma pessoa com deficiência, uma pessoa frágil, é digna de amor? Outra pergunta, vamos ver como respondem: Porventura alguém, pelo facto de ser estrangeiro, ter errado, encontrar-se doente ou numa prisão, não é digno de amor?”.

A multidão respondeu “sim” às perguntas e repetiu uma frase sugerida pelo Papa: “Só o que se ama pode ser salvo”.

“Só o amor nos torna mais humanos” insistiu.

Francisco saudou depois o jovem Alfredo, de 20 anos, cuja fé o ajudou a superar os problemas ligados à droga, e sublinhou que, neste caso, foram visíveis as consequências de uma vida “sem trabalho, sem instrução, sem comunidade, sem família”.

“É a cultura do abandono e da falta de consideração. Não digo todos, mas muitos sentem que não têm nem muito nem pouco para dar, por falta de espaços reais que a isso os convoquem. Como hão de pensar que Deus existe se, para seus irmãos, há muito que deixaram de existir?”, acrescentou.

O Papa regressou às linguagens do digital para defender que “ser um influencer no século XXI significa ser guardião das raízes”, para que a vida não se evapore, “no nada”.

“Amigos, pergunto-vos: Estais dispostos a dizer ‘sim’? Já aprenderam a responder, gosto mais assim… O Evangelho ensina-nos que o mundo não será melhor por haver menos pessoas doentes, debilitadas, frágeis ou idosas de que ocupar-se, nem por haver menos pecadores. O mundo será melhor quando forem mais as pessoas que, como estes amigos que nos falaram, estiverem dispostas e tiverem a coragem de dar à luz o amanhã e acreditar na força transformadora do amor de Deus”.

“Maria não comprou um seguro de vida, arriscou, por isso é forte”, declarou Francisco.

A vigília continuou com um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento; a hóstia consagrada foi apresentada à multidão numa custódia feita de balas fundidas, sinal do desejo de paz na América.

O momento de silêncio e reflexão é proposto como oportunidade de rezar pelas vocações, da família aos missionários.

Após a oração, o Papa Francisco entregou aos jovens a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, presente no Campo São João Paulo II durante toda a noite, que saiu em procissão no meio dos jovens.

A JMJ 2019, iniciada esta terça-feira, conclui-se no domingo, neste mesmo espaço, com a Missa de envio e o anúncio da próxima cidade-sede do maior evento juvenil promovido pela Igreja Católica.

OC

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Agência ECCLESIA

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