JMJ 2011: Chelas e Cova da Moura vão a Madrid

Além da expectativa da descoberta de rostos, culturas e paisagens, a peregrinação promete ser uma aprendizagem do que é a Igreja Católica

Lisboa, 28 jul 2011 (Ecclesia) – Três dezenas de jovens de Chelas e Cova da Moura, bairros de Lisboa conhecidos pela multiculturalidade mas também pelas dificuldades sociais, vão pela primeira vez à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que decorre em Madrid no próximo mês.

“Vamos juntar-nos e divertir-nos em nome de Deus, tentando formar a nossa fé com um grupo maior de pessoas do que aquele a que estamos habituados”, explica um dos participantes da Cova da Moura em entrevista ao programa da ECCLESIA na Antena 1 desta quarta-feira.

A proposta da catequista Cátia Tuna surpreendeu os jovens, que desconheciam o maior evento católico mundial a nível juvenil, que na edição deste ano, a 26.ª, está marcada para 16 e 21 de agosto, com a presença de Bento XVI nos últimos quatro dias.

“Parece-me ser fixe”, imagina um adolescente perante a perspetiva de ficar alojado em escolas ou famílias de acolhimento, enquanto que outro adianta: “Vamos ver o Papa, procurando firmar a nossa fé e tentar levar a nossa vida um bocadinho melhor”.

De Chelas partem 20 jovens: “Algumas pessoas disseram que as Jornadas mudaram a vida delas; daí que tenho ainda mais vontade de participar”, afirma um dos participantes na reportagem do programa que vai hoje para o ar a partir das 22h45.

A curiosidade e a partilha de experiências motivam os adolescentes, que também destacam o encontro entre unidade e diversidade: “É importante percebermos as diferenças entre nós e vermos que caminhamos todos para o mesmo”.

Além da expectativa da descoberta de rostos, culturas e paisagens, a viagem promete ser uma aprendizagem do que é a Igreja Católica, desde o envolvimento das comunidades de origem ao encontro com os mais de 400 mil jovens dos cinco continentes inscritos na JMJ.

[[a,d,2245,emissão (27-07-2011) ]]“Não é uma peregrinação egoísta”, nota Cátia Tuna, salientando que os participantes levam na mochila as preces que a população está a deixar em caixas distribuídas pelo bairro, uma forma de ajudar os fiéis a perceberem que “vão também com o grupo”, ao mesmo tempo que transforma os jovens em enviados da comunidade.

Manuela, animadora de Chelas, saúda igualmente o empenho da paróquia mas diz que para alguns participantes “está a ser muito complicado” pagarem a viagem, enquanto que para outros a ida a Madrid é uma missão impossível.

“Há jovens que me deixam um pouco triste. Uma rapariga disse-me que não se inscreveu porque não tem condições para ir, dado que os pais não têm dinheiro”, lamenta a responsável da paróquia de São Maximiliano Kolbe.

Nas duas comunidades multiplicam-se as atividades de angariação de fundos através da venda de artesanato feito pelos próprios jovens, entre outros objetos oferecidos por particulares: “Vai dar mais gozo” estar em Madrid sabendo que a viagem e estadia foram obtidas com o esforço do grupo, refere uma participante de Chelas.

“São meninos que não têm grandes condições financeiras. Mas para eles é um privilégio”, diz Cátia Tuna sobre os participantes da Cova da Moura, entre os quais se encontram jovens que não foram batizados nem receberam a primeira comunhão.

A catequista formada em Teologia está convencida de que a presença na JMJ vai marcar o início de uma nova etapa na vida dos participantes: “Não sei até que ponto eles têm consciência de que isto é o início de uma fase importante da vida deles, uma fase de fé. Acho que vão experimentá-lo em Madrid”.

PRE/RM

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