Jesus Cristo, o segredo de Deus

Homilia no encerramento do Encontro Europeu de Jovens – Taizé 1. Encerramos o Encontro de Jovens organizado em Lisboa pela Comunidade de Taizé, nova etapa de uma longa peregrinação de confiança através da Terra, com a celebração da Festa da Epifania. A palavra epifania significa manifestação. São Paulo, na Carta aos Efésios, dá-nos o sentido dessa manifestação: Jesus Cristo guarda um segredo: Ele é o segredo de Deus, que encerra o Seu desígnio amoroso acerca de todos os homens. A manifestação desse segredo é uma revelação, é um dom gracioso de Deus, concedido através do Espírito Santo a todos os que acreditam em Cristo e O seguem como discípulos. Nessa manifestação nós conheceremos, sempre melhor, Jesus Cristo como segredo de Deus, penetraremos nesse insondável desígnio de amor de Deus a nosso respeito, descobriremos o sentido novo da nossa vida, da nossa liberdade e da nossa responsabilidade. Jesus Cristo encerra, para nós, o sentido mais profundo da nossa vida e do destino da humanidade. A quantos acreditam n’Ele é revelado este segredo, o segredo da vida, e esses podem manifestá-lo aos outros, através do testemunho da alegria e da esperança. São Paulo revela-nos, pelo menos um aspecto, do que ele percebeu dessa manifestação do segredo de Deus acerca da humanidade, manifestado em Jesus Cristo: a universalidade da salvação. Deus ama todos os homens; Jesus Cristo, Seu Filho nascido Homem, é uma manifestação do Seu amor para com todos os homens. Referiam-se a todos eles as promessas, todos são chamados a participar da mesma herança, isto é, a plenitude da vida, e tomarão consciência disso através do anúncio do Evangelho que surge com a surpresa de uma boa notícia. Esta universalidade de Jesus Cristo é anunciada pelo Profeta Isaías quando imagina todos os povos a convergirem para a nova Jerusalém, a cidade perfeita, iluminada e transformada pela luz do Messias: “Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao Teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços”. A cidade de Jerusalém é aí o símbolo da nova humanidade recriada pela encarnação do Verbo de Deus. E abre-nos para uma dimensão perene e sempre actual da manifestação de Jesus Cristo: Ele transforma a cidade dos homens: “As nações caminharão à Tua luz, e os reis ao esplendor da Tua aurora”. Esta é uma transformação lenta, de que já é possível captar “sinais” na complexa realidade da história contemporânea. A sua força criadora é o Espírito de Jesus; os seus obreiros são os cristãos, cujo coração foi transformado pela graça de Jesus Cristo. Está anunciada a importância dos “santos” na cidade. Eles imprimem na construção da história a força transformadora do amor, a energia mobilizadora de um ideal, a generosidade na luta pela justiça e na construção da paz. A concentração de milhares de jovens, vindos de tantos países da terra, anuncia um “futuro de paz” e revela um novo rosto da cidade dos homens. 2. Mais la fête de l’Epiphanie nous conduit au récit évangélique de la visite de « mages venus d’orient » à la recherche de Jésus. Il s’agit de figures assez énigmatiques, nous invitant à centrer nos cœurs dans leur signification symbolique, valable pour tous les temps. Ils suivent une étoile. « Nous avons vu se lever son étoile et nous sommes venus nous prosterner devant lui » Ce n’est pas normal de suivre une étoile et de se mettre en route à la recherche de la manifestation de Dieu. Ils se sont révélés capables de lire les signes. Ils représentent bien tous ceux qui, au plus profond d’eux-mêmes, sentent l’attraction de l’absolu : le désir de la profondeur, l’attraction du beau, la recherche de l’amour, le désir de la justice et de la fraternité. Il s’agit de sentiments qui peuvent être des signes de la soif et de la recherche de Dieu. Qu’ils puissent tous discerner ces signes et se mettre en route, à la recherche de l’absolu de Dieu. Comme les Mages, ils pourront Le reconnaître en Jésus-Christ, et, comme eux, tomber à genoux et se prosterner devant Lui. Ils offrent des présents. Tout ce qu’on peut offrir à Jésus, représente notre vie, notre personne. Le Seigneur n’attend pas de nous des cadeaux matériels ; il nous veut à nous mêmes ; notre vie, nos projects, notre liberté, sont les dons qui Lui plaisent et qu’Il attend. L’or, symbolise nos richesses, tout ce que nous possédons de précieux, voire, notre désir de posséssion. Il proclamera dans l’Évangile des Béatitudes : Heureux ceux qui ont un cœur de pauvre. Tout cela se transformera dans le parfum de l’encens, qui glorifie le Seigneur et remplit nos cœurs du parfum suave de la joie et de la paix. Mais devant le Seigneur nous ne pouvons pas oublier notre fragilité et nos miséres. Nos péchés, nos doutes, nos infidélités, nos impuissances, notre mort, sont offerts au Seigneur, symbolisés dans la myrrhe portée par les Mages. Cette reconnaissance de nos faiblesses devant le Seigneur, ouvrira nos cœurs au don de la joie et de la paix. «Ils regagèrent leurs pays par un autre chemin ». Parcourir de nouveaux chemins pour atteindre le bonheur est le grand défi et la nouvelle chance présentés par Jésus Christ. Ces nouveaux chemins sont ceux par où nous conduit l’Esprit Saint ; les identifier c’est répondre à notre vocation ; les parcourir c’est trouver le chemin de la fidélité. Ce pélérinage de la confiance est, sans aucun doute, pour nous tous, un nouveau chemin pour arriver chez-soi, c’est-à-dire, à la Vie. Mosteiro dos Jerónimos, 2 de Janeiro de 2005 + JOSÉ, Cardeal-Patriarca

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