Jesuítas: Igreja evoca «Mártires do Brasil»

32 jovens portugueses mortos em 1570 são modelos de «fervor missionário», refere responsável pelo processo de canonização

Lisboa, 17 jul 2012 (Ecclesia) – A Igreja Católica celebra hoje a festa dos  32 jovens missionários portugueses que foram martirizados em 1570 a caminho do Brasil, ocasião assinalada com várias iniciativas apadrinhadas pela Província Portuguesa da Companhia de Jesus.

O vice-postulador da causa da canonização, padre João Caniço, sublinhou à ECCLESIA a importância de consolidar o culto àqueles mártires, que deixaram uma “proposta evangélica muito importante para a sociedade portuguesa”.

No calendário de iniciativas destaca-se uma conferência pública na Sociedade Histórica da Independência de Portugal, esta tarde (18h00), em Lisboa, e a celebração de uma missa na Igreja de São Roque, no dia 22, também na capital lisboeta.

A eucaristia, marcada para as 11h00, será presidida pelo núncio apostólico (representante diplomático da Santa Sé) em Portugal, D. Rino Passigato.

Convidado a partilhar as principais qualidades daqueles que ficaram conhecidos como os “Mártires do Brasil”, o padre João Caniço elogia o “fervor missionário e o espírito de oração” de um grupo que ainda hoje, apesar de ter caído um pouco no “esquecimento”, no meio da hierarquia católica, continua a inspirar muitos fiéis.

Na segunda metade do século XVI, dominada pelas disputas territoriais em torno dos novos destinos de colonização e, ao nível religioso, pela revolta protestante, Portugal estava a dar os primeiros passos na evangelização do Brasil.

Segundo o vice-postulador, verificou-se que “a expectativa do batismo” entre os indígenas “era muito grande” mas faltavam catequistas para “ensinar os rudimentos da fé”.

Para responder a essa carência, a Companhia de Jesus recorreu a jovens que se encontravam a estudar em universidades jesuítas espalhadas por Portugal e Espanha.

[[v,d,3255,]]Ao todo, ofereceram-se mais de 300 jovens, número que depois foi reduzido para 70 e finalmente para 40, 32 portugueses e 8 espanhóis.

A maior parte dos noviços portugueses que participaram na expedição, liderada pelo Beato Inácio de Azevedo, era natural do Alentejo, mas havia também jovens oriundos do Porto, Braga e Lisboa, entre outras regiões.

No entanto, o navio acabou por nunca chegar ao seu destino, já que foi intercetado por uma armada protestante junto ao arquipélago das Canárias (Espanha), mais concretamente em Tazacorte, na ilha de La Palma.

Todos os tripulantes foram mortos, exceto “um cozinheiro espanhol que foi levado pelos agressores e que mais tarde regressou a Espanha e contou a sua experiência”, complementa o padre João Caniço.

“Há quatro ou cinco anos” que a Província Portuguesa da Companhia de Jesus tem vindo a reavivar o legado deixado pelos mártires e a trabalhar na sua canonização, praticamente a partir do zero.

Os responsáveis jesuítas vão fazer chegar ao Vaticano e ao Papa Bento XVI um resumo de todas as iniciativas feitas e previstas para 2012, à volta dos jovens mártires, e também relatar todas as graças que as pessoas receberam, por intermédio destes beatos.

PTE/JCP

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Agência ECCLESIA

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