Jesuítas ajudam jovens em busca de emprego

«História do futuro» apresenta uma formação para desempregados centrada na valorização pessoal O Centro Universitário Padre António Vieira – CUPAV quer fazer do tempo da crise uma oportunidade de valorização pessoal. "Não arranjamos empregos, mas queremos potenciar as competências das pessoas que estão desempregadas" e introduzir um novo termo – tornar as pessoas empregáveis.

«História do Futuro», o título da formação, é centrada "na pessoa e no que ela pode ser" e não na função que pode vir a exercer, esclarece Pedro Palma, organizador do programa no CUPAV, que prossegue o esclarecimento. "Não queremos ser um centro de emprego, apesar de apostarmos na formação". O emprego é estruturante na vida do ser humano e por isso, mesmo sem oferecerem empregos "acreditamos que se trabalharmos a pessoa as possibilidades de procura podem ser maiores".

A formação compreende duas semanas distintas. A primeira aborda temas mais práticos – currículos, entrevistas de emprego e informação geral, nomeadamente legal e financeira. "Aprendemos a olhar para um jornal e descobrir oportunidades para além dos classificados", exemplifica o organizador.

A segunda semana é centrada na pessoa e na sua estruturação. Os conteúdos abordados versam a Doutrina Social da Igreja, o auto conhecimento, o trabalho individual e em equipa. "A definição de objectivos cabe a cada pessoa", agora valorizada nas suas competências e com perspectiva de futuro. Neste sentido, o processo irá continuar "por muitos anos".

A proposta assenta na valorização pessoal. "Se me valorizar enquanto pessoa, valorizo o meu currículo e torno-me mais apetecível para o empregador, que percebe que não fiquei à espera que o emprego viesse ter comigo, mas fui atrás".

Histórias com futuro
Um livro do Pe. António Vieira dá nome ao projecto. Pedro Palma explica que têm como objectivo "criar histórias com futuro".

"Num tempo de crise, não só económica mas também de dificuldades pessoais para os desempregados, queremos prometer não um emprego, mas um futuro melhor", explica acrescentando ser essencial as pessoas perceberem o que querem fazer na situação de desemprego e "até onde estão disponíveis a ir para ultrapassar esta situação".

Trata-se de ver a crise como uma oportunidade. Sendo uma altura que proporciona a mudança de mentalidade, Pedro Palma lamenta que "as medidas tomadas apenas perpetuem o assistencialismo". A proposta visa, por isso, com o grupo de formandos, mudar a forma como vivem este tempo.

O CUPAV está a orientar a primeira sessão de formação com um grupo de 12 pessoas. O organizador adianta serem pessoas provenientes de diversos pontos do país e de várias áreas profissionais, encontrando-se entre os 21 e os 32 anos.

A postura dita a disponibilidade para "querer fazer alguma coisa". Os participantes não são marcados pelo negativismo.

A organização analisa ainda a relação que irá manter com os formandos, pós formação. "No dia em que terminar a formação as pessoas voltam a estar desocupadas e continuarão desempregadas". Pedro Palma enfatiza que emprego não darão, mas "estamos disponíveis para as ajudar a viver este tempo".

Em Novembro haverá nova formação e Pedro Palma não descarta a possibilidade de se estender a outros locais do país, "aproveitando a estrutura da Companhia de Jesus e as ligações que têm com vários pontos do país".

A organização afirma também a possibilidade de ajudar outras instituições interessadas neste tipo de formação. "Prestamos toda a ajuda necessária se alguma instituição considerar importante ministrar estes conteúdos na sua organização. Não queremos ser possuidores do projecto, mas rampa de lançamento", garante Pedro Palma.

Esta formação destina-se especificamente para recém licenciados, dada a forte componente informativa que estrutura a primeira semana. No entanto, Pedro Palma não descarta a possibilidade de, "com adaptações, ser focada para desempregados de longa duração, com uma perspectiva pessoal mais aprofundada ".

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