«Estamos na linha de frente para levar ajuda à população» – Anton Asfar

Cidade do Vaticano, 18 jun 2025 (Ecclesia) – O diretor da Cáritas Jerusalém alertou que a “situação é catastrófica” na Faixa de Gaza, e para a realidade das “pessoas deslocadas” na Cisjordânia que “não têm nada”, na Palestina, onde as equipas trabalham em precariedade e perigo.
“A situação é catastrófica”, afirma Anton Asfar, sobre a escassez de medicamentos, alimentos e água potável, citado pelo portal online ‘Vatican News’.
Na Faixa de Gaza, 122 membros das equipas da Cáritas Jerusalém estão distribuídos em dez unidades médicas, um trabalho realizado em situação constante de precariedade e perigo, com mortes todos os dias, principalmente no norte, conforme relatou o Hospital Al-Ahli, um dos parceiros da instituição católica, esta quarta-feira, dia 18 de junho.
“Continuamos avaliar a situação porque não queremos colocar as nossas equipas em risco: é muito perigoso operar em Gaza, que se tornou uma verdadeira zona de ‘não direito’”, referiu o diretor da Cáritas Jerusalém, partilhando que trouxeram “todo o equipamento” que puderam durante o recente cessar-fogo, “mas agora os stocks estão acabar”.
A Cáritas Jerusalém, no início dos ataques israelitas ao Irão, na sexta-feira, dia 13 de junho, suspendeu a atividade para avaliar os riscos de continuar a ação humanitária com um novo contexto de guerra, mas, no dia seguinte, recomeçou devida às “enormes necessidades”.
“Estamos na linha de frente para levar ajuda à população e, como grande organização e ‘braço social’ da Igreja, devíamos continuar nosso trabalho”, afirmou Anton Asfar, que revelou que a organização católica está também em contacto com a Paróquia católica da Sagrada Família de Gaza, que acolhe cristãos, onde o padre Gabriel Romanelli, por exemplo, teve de subir para o telhado da igreja para conseguir sinal.
No Vaticano, o Papa Leão XIV alertou hoje para o risco de um cenário de “barbárie” nas guerras e disse que “o coração da Igreja está dilacerado pelos gritos que se elevam dos lugares de guerra, sobretudo da Ucrânia, do Irão, de Israel e de Gaza”, no final da audiência pública semanal de quarta-feira.

Já no território palestiniano da Cisjordânia, a Cáritas Jerusalém está a tentar “replantar a esperança na comunidade para que ela seja mais resiliente”.
O diretor da Cáritas Jerusalém alerta que “viu mudanças significativas no terreno”, com a existência de novos muros e postos de bloqueio, como na aldeia de Sinjil, 50 quilómetros a norte de Jerusalém, cercada por muros de arame farpado com vários metros de altura.
“A Cisjordânia está paralisada, há muito pouca liberdade de movimento”, denuncia Anton Asfar, que contabiliza 900 postos de controlo ou barreiras em toda a Cisjordânia.
Na Cisjordânia há cerca de 200.000 trabalhadores desempregados, e a Cáritas Jerusalém procura estimular a economia e fornece sementes para quem procura trabalho na agricultura ou microsubsídios para projetos empresariais, como atividades de costura ou culinária.
Nos campos de refugiados de Jenin, Nour Shams e Tulkarem vivem 40 mil pessoas, que estão deslocadas dentro do país e “não têm nada: precisam de comida, kits de higiene e bens de primeira necessidade”.
“Fazemos o nosso melhor para ajudá-los e lançaremos jornadas médicas e programas de apoio psicossocial no norte da Cisjordânia”, acrescentou o responsável da Cáritas Jerusalém, divulga o portal online ‘Vatican News’.
CB/OC
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