Pe. Dário Pedroso, Secretario Nacional do Apostolado da Oração
A pequena Jacinta, grande alma e de coração universal, penitente e orante, tinha uma sensibilidade extraordinária. Seu coração ardia de amor pelos pecadores, pelos doentes, pelos pobres, pelos que lhe pediam orações. Mas ela, a pequenita pastorinha, grande em santidade e generosidade, pelo dom gratuito de Deus, viu mais longe, voou mais alto. O Céu tinha-lhe falado do Papa. Pediu orações por ele. A Jacinta entendeu bem, na visão que lhe foi dado contemplar, que o Papa sofria muito, que necessitava de orações. Ficou “apaixonada” por ele.
A paixão pelo Papa levava-a a rezar muito pelo Santo Padre, a sacrificar-se por ele, mesmo, ao que parece, sem saber bem quem era e que nome tinha. Dizia com frequência, refere a sua prima Lúcia, “coitadinho do Santo Padre”, e relatava novamente o que vira na célebre visão: o Papa em sofrimento, em oração, insultado, perseguido, caluniado. Ela, com seu coração de santa, sofria muito e o sofrimento fazia brotar-lhe a oração pelo Papa. Tinha necessidade de rezar por ele e de pedir a outros que rezassem. O sofrimento, as perseguições a que o Papa era submetido faziam-na vibrar de amor, de oração, de dor, de paixão.
A Irmã Lúcia afirmou que a pequena Jacinta, quando o número de peregrinos começou a aumentar, dizia com certa tristeza: “Vem cá tanta gente, só o Santo Padre é que não”. Em comunhão de santos, Jacinta viveu a alegria da visita do Papa peregrino, João Paulo II, que veio a Fátima três vezes e que a beatificou, e ao seu irmão Francisco, na celebração na Cova da Iria, a 13 de Maio de 2000. E agora, na mesma alegria de bem-aventurada, vai “ver” o Papa Bento XVI em Fátima. O seu desejo, feito profecia, vai-se realizando.
O Papa é peregrino, é pai, é mestre, vem a Fátima para, escutando Deus e Nossa Senhora, nos dizer a sua mensagem de Pastor Supremo. Com a Beata Jacinta, todos precisamos de aprender a amar o Papa, a rezar pelo Papa, a escutar o Papa, a ler suas mensagens, seus escritos, seus ensinamentos. O Papa, este ou os seus antecessores, este ou os seus sucessores, é sempre o Pedro do nosso tempo. Todos, com a Jacinta, devemos ser cristãos que, no coração de Deus, amamos o Papa, temos paixão por ele, devido ao lugar que tem, Vigário de Cristo, qualquer que seja a sua nacionalidade, a sua cor, a sua idade. É o Papa, é o Pedro que leva nas mãos o leme da barca que é a Igreja, é o elo de unidade entre todos os bispos, é o guardião da fé, o pai espiritual, o mestre.
Hoje percebemos melhor os sofrimentos do Papa, as más interpretações que lhe fazem, as calúnias que lhe levantam, a hostilidade em aceitar seus ensinamentos, as barbaridades que escrevem contra ele. Percebemos melhor a paixão da Jacinta quando vimos João Paulo II ser atingido pela bala criminosa, na Praça de São Pedro, a 13 de Maio de 1981. Percebemos melhor a cruz do Papa quando sente a Igreja a ser atingida pelo mal, a ser escândalo, através de muitos dos seus membros, fiéis e pastores. Percebemos melhor a paixão da Jacinta, quando sentimos que os grandes valores que o Papa, em nome de Deus e da Verdade, procura defender, como a vida, a justiça, o amor, Deus como Criador e Bem supremo, a dignidade da pessoa humana, os inocentes que sofrem abusos sexuais, ou as vítimas das guerras e dos ódios, não são acolhidos pelos homens do nosso tempo Percebemos melhor a paixão pelo Papa quando tentamos perscrutar seu coração de pai e o peso da sua cruz perante uma Igreja perseguida, perante a nova era dos mártires cristãos, perante as grandes calamidades dos povos e da própria criação. Apetece-nos repetir, como a Jacinta: “coitadinho do Santo Padre”.
A constatação de tudo isto fará nascer em nós uma paixão maior pelo Papa. Levar-nos-á a rezar mais por ele. Centrar-nos-á, no coração da Igreja, em louvor e em súplica. Saberemos unir-nos a ele em oração pela Igreja e pelo mundo. Desejaremos ficar em prece para ser suporte do Papa, pela força do Espírito. Reviveremos em nós a paixão da pequena Jacinta, a grande apaixonada pelo Papa.
Pe. Dário Pedroso, Secretario Nacional do Apostolado da Oração