Conferência Episcopal italiana vai acolher grande parte das 143 pessoas que durante vários dias permaneceram confinadas ao porto de Catânia
Lisboa, 27 ago 2018 (Ecclesia) – O impasse em torno dos cerca de 140 migrantes confinados há 10 dias no porto de Catânia, em Itália, está perto de ser resolvido com o apoio do episcopado italiano (CEI), que se disponibilizou a acolher grande parte destas pessoas.
Em declarações à Agência SIR, D. Ivan Maffeis, subsecretário da CEI, destacou o empenho da Igreja Católica do país em ajudar a resolver “uma situação insustentável do ponto de vista humanitário”.
Nesta altura, era premente “uma intervenção que oferecesse uma possibilidade de acolhimento concreto, ativo e imediato”, aponta aquele responsável.
Os migrantes em questão, oriundos do continente africano, estão neste momento num centro de identificação em Messina, e de acordo com o porta-voz da CEI “vão ser transferidos o quanto antes para um centro de acolhimento de Rocca di Papa”, às portas de Roma.
Foram várias as dioceses que também se disponibilizaram para receber estes migrantes, perante o impasse que existia entre o Governo italiano, que reivindicava o apoio da União Europeia para esta situação.
“O governo pretendia, também de forma justa, o envolvimento da Europa para uma redistribuição dos migrantes e para abordar de forma comunitária um fenómeno de tão grande magnitude como este. A Igreja interveio no sentido de desbloquear esta situação”, salientou D. Ivan Maffeis.
Que acrescentou que “uma política comunitária em torno de um tema como as migrações não pode ser construída às custas de pessoas que estão a fugir da guerra ou de situações de perseguição”.
Os migrantes estavam confinados ao porto de Catânia desde o dia 20 de agosto, depois de terem sido resgatados do Mediterrâneo no dia 16 pelo navio ‘Diciotti’, quando seguiam a bordo de um barco de borracha, em condições muito precárias.
Ao todo, eram 177 os migrantes resgatados, 37 deles menores com idades entre os 14 e os 17 anos, que foram sendo progressivamente desembarcados do navio ‘Diciotti’, ao longo dos primeiros dias.
Dos restantes 143 migrantes, cerca de 100 vão ser acolhidos como já vimos através da ação da CEI, enquanto os restantes deverão seguir para centros de acolhimento na Albânia e na Irlanda.
“A Igreja italiana está disponível para acolher todos aqueles que precisarem, não fizemos disso uma questão de números”, frisou o porta-voz da CEI, que deixa ainda um alerta.
“O nível da solidariedade e da emergência é importante, mas não é assim que se pode defrontar um fenómeno como este, devem ser os países, a nível político e cultural, a interrogarem-se e a fazerem a sua parte”, completou.
No regresso ao Vaticano, depois de uma visita de dois dias à Irlanda, no âmbito do 9.º Encontro Mundial de Famílias que decorreu em Dublin, o Papa também abordou com os jornalistas a questão dos migrantes do navio ‘Diciotti’.
Francisco lembrou que “o mandato de acolhimento aos migrantes é algo tão antigo como a Bíblia”, frisou esse gesto como um “imperativo moral”, que hoje deve envolver “toda a Europa”.
“Temos de continuar a debater esta questão. E estou convicto de que será possível encontrar uma solução”, sustentou o Papa argentino.
JCP