Itália: Pastoral da Deficiência promoveu congresso «Nós, não eles», com presença portuguesa

Leonor Belo, estudante do Porto, com Trissomia 21, embaixadora da JMJ Lisboa 2023 fez parte da delegação de Portugal

Foto: Educris

Roma, 07 mai 2022 (Ecclesia) – Uma delegação portuguesa participou no primeiro congresso da Pastoral da Deficiência Italiana, que teve como tema ‘Nós, não eles – a deficiência na Igreja’, mobilizando 150 dioceses transalpinas e oito grupos de outros países,  em Roma.

Carmo Diniz, coordenadora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência do Patriarcado de Lisboa, a partir do tema do congresso, questiona quantas vezes se fala “sobre as pessoas com deficiência sobre esta perspetiva: ‘Eles querem isto’, ‘eles fazem assim’, ‘não são como nós’.

“Será esta a nossa forma de lidar com as pessoas com deficiência? Como pessoas com características diferentes das nossas, categorizadas, com padrões de comportamento e atitudes que sabemos descrever; a quem não perguntamos opinião; sobre quem decidimos”, acrescentou.

Destacando que os oradores do encontro eram de “muitos sítios”, a responsável portuguesa recorda que o padre jesuíta Justin Glyn, australiano, com muito baixa visão, conseguiu que “a sua deficiência não o definisse no seu percurso”, e “falou sobre a discriminação na Igreja”, da falta de rampas nos edifícios, da falta de acesso a documentos.

Já a partir da reflexão do teólogo irlandês John Swinton, enfermeiro de saúde mental e de pessoas com demência, que percorreu as Escrituras, Carmo Diniz refere que “é importante” tratar das questões logísticas, como construir rampas, mas “a pertença precisa de presença”.

“Temos de garantir que estamos presentes e recusar a cultura da ausência”, realça a também coordenadora do Gabinete de Diálogo e Proximidade do Comité de Organização Local da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.

Do programa do primeiro congresso da Pastoral da Deficiência Italiana, que decorreu a 3 e 4 junho, também constou uma visita guiada ao Museu do Vaticano, nomeadamente à Capela Sistina.

“Um local de oração totalmente acessível apesar dos degraus que tem e que foi totalmente adaptada para pessoas com mobilidade reduzida faz-nos pensar que todos nós somos Igreja, que todos nós podemos partilhar a beleza de admirar a arte e o encontro de uns com os outros. Deixemos por favor o ‘eles’ de parte”, desenvolveu.

Para além de Carmo Diniz, a delegação portuguesa foi constituída por Leonor Belo, de 18 anos, com Trissomia 21, jovem estudante do Porto que é embaixadora da JMJ Lisboa 2023, e José Maria Marrecas Ferreira, que tem baixa visão, membro do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência do Patriarcado de Lisboa e promotor do Grupo de Cegos Católicos Português.

“Temos muito que fazer e sinceramente não sei como fazer. Precisamos de uma mudança de paradigma pois este ‘nós’ e ‘eles’ cria distância e impede a relação”, disse Carmo Diniz, antes de viajar para a capital italiana, divulga o portal ‘Educris’.

A responsável destacou “experiências muito interessantes” que existem em diversas dioceses portuguesas, nomeadamente em Telheiras, no Patriarcado de Lisboa, de integração da comunidade surda, que também existe em Fátima e em Braga, o Movimento ‘Fé e Luz’ para a inclusão da pessoa com deficiência intelectual, e o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, da Conferência Episcopal Portuguesa, criou “um grupo de cegos católicos, ou com baixa visão”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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