Arcebispo de Agrigento perspetiva viagem de Francisco à ilha que tem acolhido milhares de imigrantes africanos em busca de uma vida melhor
Cidade do Vaticano, 02 jul 2013 (Ecclesia) – O arcebispo de Agrigento saudou hoje a vontade do Papa em visitar a ilha italiana de Lampedusa, que se tornou porto de abrigo para milhares de imigrantes africanos que querem escapar à guerra e à pobreza.
“Ele quer vir cá com a simplicidade de um bispo que toma conta das suas comunidades e olha por elas com os olhos do coração”, realça D. Francesco Montenegro, em declarações publicadas pela Rádio Vaticano.
A viagem até Lampedusa, com chegada prevista para as 9h00 locais (menos uma em Lisboa) da próxima segunda-feira, dia 8 de julho, será a primeira deslocação do Papa para fora de Roma, desde que foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março deste ano.
Situada a menos de 115 quilómetros da costa da Tunísia, mais perto daquele país do que da Sicília, província italiana onde está inserida, a ilha já recebeu dezenas de milhares de imigrantes e refugiados africanos, desde que a chamada “Primavera Árabe” começou há cerca de dois anos.
De acordo com D. Francesco Montenegro, “Lampedusa é hoje uma ponte para o continente africano”, uma ligação para a Europa “que não se pode fazer de conta que não existe”.
Na ânsia de um rumo novo, longe do clima de violência e de instabilidade social e política, muitos imigrantes e refugiados perderam a vida durante a travessia marítima até à ilha.
Mas “o número de mortos parece não interessar porque se tratam de pessoas com uma cor de pele diferente. Há ainda muita indiferença”, lamenta o arcebispo.
O prelado esteve recentemente em Roma em “visita ad limina” e aproveitou para informar o Papa sobre o que tem estado a acontecer na ilha.
Segundo D. Francesco Montenegro, Francisco não só manifestou a vontade de visitar os refugiados mas também a população local, que “tem feito tudo” para ajudar os imigrantes, que frequentemente embarcam na viagem sem nada.
As ajudas têm passado, entre outras iniciativas, pelo fornecimento de cuidados de higiene e pela doação de roupas e alimentos.
“A imigração não é uma emergência, temos de ter a coragem de parar de usar esta palavra. Hoje podem chegar aqui 10 imigrantes, amanhã outros 100 ou 1000, mas o problema não está no número, nem que sejam apenas 10, trata-se de pessoas que querem apenas viver”, salientou o arcebispo de Agrigento.
RV/JCP