Itália: Papa rejeita modelo económico centrado no «capital» que «descarta» os mais frágeis

Visita a Turim começou junto de trabalhadores e empresários, sob a sombra da crise

Turim, Itália, 21 jun 2015 (Ecclesia) – O Papa iniciou hoje uma visita de dois dias a Turim, norte da Itália, com um encontro que reuniu trabalhadores e empresários, aos quais disse que é preciso promover o “trabalho digno” e rejeitar modelos centrados no “capital”.

“Isto exige um modelo económico que não seja organizado em função do capital e da produção, mas antes do bem comum”, declarou, perante centenas de pessoas que aplaudiram a intervenção em diversas ocasiões.

Numa das cidades com mais tradição industrial da Itália, Francisco ouviu os testemunhos de um empresário, de um floricultor e de uma mãe trabalhadora cujo marido está desempregado.

O Papa pediu, neste contexto, que os direitos das mulheres sejam “defendidos com força” porque elas “ainda são discriminadas, também no trabalho”.

Francisco renovou a sua condenação à “idolatria do dinheiro” e criticou os que, apesar da crise, “enriquecem sem dar atenção aos muitos que ficam pobres, por vezes até passar fome”.

À imagem do que fez noutras cidades italianas, o Papa apelou ao fim da corrupção e dos “conluios mafiosos”, das fraudes e dos subornos, “não com palavras, mas com atos”.

O pontífice argentino, descendentes de italianos desta região setentrional, o Piemonte, voltou a manifestar-se preocupado com uma “economia do descarte”, que parece exigir uma resignação perante “a exclusão dos que vivem em absoluta pobreza”.

No caso de Turim, precisou, estas pessoas representam cerca de um décimo da população.

“Excluem-se as crianças – natalidade zero -, excluem-se os idoso e agora excluem-se os jovens”, alertou, para apelar a um “sentido de responsabilidade perante os problemas causados pela crise económica”.´

O Papa precisou que o trabalho é necessário não só para economia, mas para a “dignidade” da pessoa e a sua cidadania.

Francisco convidou ao respeito pelos imigrantes, vítimas da falta de equidade de um de um sistema económico que “descarta” e das guerras.

“Faz chorar ver o espetáculo destes dias, em que seres humanos são tratados como mercadoria”, disse.

Em conclusão, o Papa defendeu a necessidade de contrariar a crise com “coragem”.

“Ousai, sede corajosos, segui em frente, sede criativos”, pediu.

OC

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