Francisco encerra visita a região do Molise, onde mostrou preocupação pelas consequências da crise
Isérnia, Itália, 05 jul 2014 (Ecclesia) – O Papa encerrou hoje uma visita de 11 horas à região italiana do Molise com apelos a uma nova economia, que respeite a dignidade das pessoas, reforçando a preocupação que mostrou com as consequências da atual crise.
Perante milhares de pessoas reunidas na praça da Catedral de Isérnia, cerca de 180 quilómetros a sudeste de Roma, Francisco apresentou o “amor” como “força de purificação das consciências, força de renovação das relações sociais, força para a projeção de uma economia diferente, que coloca no centro a pessoa, o trabalho, a família, em vez do dinheiro e do lucro”.
O último apontamento da viagem papal aconteceu depois de um encontro com doentes, na Catedral de Isérnia, e marcou a abertura do Ano Jubilar Celestiniano, no oitavo centenário do nascimento de São Celestino V, Pietro Angeleri da Morrone (1209-1296), monge que fundou a Ordem dos Celestinos e passou à história por renunciar voluntariamente ao papado após cinco meses de pontificado.
Francisco referiu-se a este santo que, como São Francisco de Assis, tinha um “sentido fortíssimo da misericórdia de Deus”, que “renova o mundo”.
“[A misericórdia] é a profecia de um mundo novo, no qual os bens serão distribuídos equitativamente e ninguém ficará privado do necessário, porque a solidariedade e a partilha são consequências concretas da fraternidade”, precisou.
O Papa destacou o simbolismo do encontro na Praça, lugar de encontro como “cidadãos”, diante da Catedral, espaço de encontro com Deus e com os “irmãos”.
“No cristianismo não há oposição entre sacro e profano, neste sentido, cidadãos e irmãos”, afirmou.
São Celestino V e São Francisco de Assis, recordou o Papa, conheciam bem a sociedade do seu tempo e deram um exemplo de “pobreza, de misericórdia, de despojamento”.
“Sempre me impressionou a sua forte compaixão pelas pessoas: estes santos sentiram a necessidade de dar ao povo o mais importante, a misericórdia do Pai, o perdão”, confessou.
Segundo Francisco, é neste atitude que está “o sentido de uma nova cidadania”, um caminho que não é para “sonhadores ou pessoas iludidas” nem para criar “oásis fora do mundo”, mas aproximar todos “da justiça e da paz”.
A viagem tinha começado na Universidade do Molisse, na província de Campobasso, junto de centenas de alunos e profissionais do setor da indústria, diante dos quais o Papa apelou a um “pacto pelo trabalho”, em defesa da dignidade humana.
“Podemos comer todos os dias – vamos à Cáritas, vamos a esta associação, ao clube, vamos lá e dão-nos de comer -, mas esse não é o problema, o problema é não levar o pão para casa. Isso é grave, fere a dignidade. O problema mais grave é a dignidade, por isso devemos trabalhar e defender a nossa dignidade, dada pelo trabalho”, declarou, de improviso.
Francisco presidiu a uma Missa em Campobasso antes de almoçar com pobres, em instalações da Cáritas locais, de se encontrar com doentes e de visitar os detidos de uma prisão em Isérnia.
O regresso ao Vaticano, em helicóptero, acontece no quartel dos bombeiros de Isérnia.
OC