Itália: Papa critica «criminalidade selvagem»

Bento XVI celebra missa para dezenas de milhares de pessoas e mostra-se preocupado com a situação social na Calábria, região do sul italiano

Lamezia Terme, Itália, 09 out 2011 (Ecclesia) – Bento XVI realiza hoje uma visita de doze horas à região italiana da Calábria, no sul do país, conhecida pela sua ligação à Mafia, tendo criticado a “criminalidade selvagem”.

Perante dezenas de milhares de pessoas, reunidas na área industrial de Lamezia Terme, 589 km a sul de Roma, o Papa falou de uma “terra sísmica, não só do ponto de vista geológico”, mas também de um ponto de vista “comportamental e social”.

“Uma terra onde o desemprego é preocupante, onde uma criminalidade muitas vezes selvagem fere o tecido social, uma terra na qual se tem a contínua sensação de estar em emergência”, afirmou, a respeito da Calábria, região mais a sul da Itália continental, com mais de 2 milhões de habitantes e berço da “Ndrangheta”, a Mafia calabresa, tida como uma das mais poderosas da Europa.

Na sua 25ª viagem em solo italiano, Bento XVI apelou aos presentes paraa não colocarem em primeiro lugar as “preocupações materiais” e a viverem um “profundo amor a Deus e ao próximo”.

O Papa disse querer partilhar “alegrias e esperanças, cansaços e compromissos, ideais e aspirações” desta população, admitindo que na região meridional da Itália “não faltam dificuldades, problemas e preocupações”.

“Estou certo de que sabereis superar as dificuldades de hoje para preparar um futuro melhor. Não cedais à tentação do pessimismo”, pediu.

Aos católicos, em particular, Bento XVI sublinhou a importância de um trabalho “moderno e orgânico” para enfrentar uma nova realidade social e religiosa, “diferente do passado, talvez mais carregada de dificuldades, mas também mais rica de potencialidades”.

Nesse contexto, saudou a escola de Doutrina Social da Igreja, na diocese, deixando votos de que a mesma dê origem a uma “nova geração de homens e mulheres capazes de promover não tanto interesses particulares, mas o bem comum”.

Após a missa, na recitação da oração do Angelus, o Papa invocou a “intercessão de Maria para os problemas sociais mais graves” da Calábria, “especialmente o trabalho, a juventude e a tutela das pessoas com deficiência”.

A segunda parte da visita decorre na cidade de Serra São Bruno, localidade que se desenvolveu em volta da cartuxa de Santo Estêvão, devendo o seu nome a São Bruno, fundador da Ordem dos Cartuxos, em 1084 ,na cidade francesa de Grenoble.

“São Bruno chegou a esta terra, há nove séculos, e deixou um profundo símbolo, com a força da sua fé. A fé dos santos renova o mundo”, disse Bento XVI, esta manhã.

No local, tem lugar um encontro privado entre o Papa e a comunidade dos Cartuxos, no refeitório, com visita a uma cela e à enfermaria da casa religiosa.

Bento XVI regressa depois em helicóptero para Lamezia Terme, de onde parte rumo a Roma, com chegada prevista para as 20h45 italianas (menos uma em Lisboa).

A Ordem Cartusiana fundada por São Bruno alberga monges de clausura, numa combinação de silêncio, vida solitária e comunitária, que abdicam do contacto com o mundo exterior, existindo uma cartuxa em Évora, restaurada em 1960.

OC

Notícia atualizada às 11h21

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