Itália: Papa apresenta desemprego e crise económica como «desafio histórico»

Francisco começa visita à Sardenha com apelos ao respeito pela «dignidade» dos trabalhadores

Cagliari, Itália, 22 set 2013 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje na ilha da Sardenha a uma solução para a situação de crise económica e desemprego que se vive em vários países, um “desafio histórico”, apelando ao respeito pela “dignidade” dos trabalhadores.

“Onde não há trabalho, falta a dignidade. E isto não é apenas um problema da Sardenha – embora seja forte aqui -, não é um problema apenas da Itália ou de alguns países da Europa, é a consequência de uma escolha mundial, de um sistema económico que leva a esta tragédia”, disse, na intervenção inaugural da segunda visita a uma cidade italiana, em Cagliari.

Francisco falou numa crise não só económica, mas também ética, espiritual e humana, alertando para “um sistema económico que tem no seu centro um ídolo, que se chama dinheiro”.

O Papa deixou de lado o texto que tinha preparado e voltou a manifestar preocupações com a “eutanásia escondida” dos mais velhos e pela falta de trabalho para os mais novos.

“Num mundo onde as jovens gerações não têm trabalho, não há futuro, porque eles não têm dignidade”, observou.

Evocando a crise que se viveu na Argentina, o Papa pediu que sejam colocadas no centro da resposta política e económica “a pessoa e o trabalho”, com “solidariedade e inteligência”.

“Queremos um sistema justo”, com “o homem e a mulher ao centro”, em vez do atual “sistema económico globalizado”, acrescentou, deixando uma palavra de “esperança”.

O discurso escrito, que o Papa considerou como “pronunciado”, foi entregue ao bispo local.

“Infelizmente, em especial quando há uma crise e a necessidade é grande, aumenta o trabalho desumano, o trabalho-escravo, o trabalho sem a justa segurança, ou então sem respeito pela criação, sem respeito pelo descanso, pela festa e pela família, o trabalhar ao domingo quando não é necessário”, pode ler-se.

A intervenção contrapunha a “cultura do trabalho” à do “assistencialismo” e deixou palavras de proximidade a quem passa por situações de sofrimento, como os trabalhadores precários, os jovens desempregados ou os empresários e comerciantes “com dificuldades em seguir em frente”.

O encontro começou com os testemunhos de trabalhadores e uma empresária, que falaram das dificuldades sentidas na ilha da Sardenha e das consequências da crise.

O Papa concluiu com uma oração, na qual pedia a Deus que ensinasse todos a “lutar pelo trabalho”.

OC

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