Itália: Papa alerta para «uso distorcido» da biotecnologia e ciências da vida

Poder tecnológico e poder económico de grupos pode originar «detrimento das populações e nações mais pobres»

Cidade do Vaticano, 10 abr 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco agradeceu hoje a trinta membros da Comissão Nacional de Biossegurança, Biotecnologia e Ciências da Vida italiana o trabalho desenvolvido porque aborda “temas e questões importantes para o homem” e pediu cuidado com o uso das biotecnologias.

“Não é fácil conseguir uma composição harmoniosa das diferentes instâncias científicas, produtivas, éticas, sociais, económicas e políticas, promovendo o desenvolvimento sustentável que respeite a ‘casa comum’”, afirmou na Sala dos Papas, no Vaticano.

Segundo Francisco, a composição harmoniosa necessita de “humildade, coragem e abertura ao confronto” entre as diferentes posições porque o testemunho dado pelos homens de ciência, pela verdade e bem comum, “contribui para o amadurecimento da consciência social”.

Aos membros da Comissão Nacional de Biossegurança, Biotecnologia e Ciências da Vida italiana explicou que quando a interação entre poder tecnológico e poder económico se torna mais estreita “os interesses podem condicionar os estilos de vida”, nomeadamente, o lucro de certos grupos industriais e comerciais “em detrimento das populações e nações mais pobres”.

“As ciências e as tecnologias são feitas para o homem e não o homem e o mundo para as ciências e as tecnologias”, desenvolveu o Pontífice argentino, sublinhando o serviço para uma vida digna e saudável, hoje e no futuro, e em tornar a casa comum “mais habitável e solidária, mais cuidada e protegida”.

A Comissão Nacional de Biossegurança, Biotecnologia e Ciências da Vida italiana, acrescentou, tem a tarefa de “prever e prevenir as consequências negativas” que o uso “distorcido” dos conhecimentos e capacidades de manipulação da vida pode provocar, para além de “promoverem o desenvolvimento harmonioso e integral” da pesquisa científica e tecnológica.

Neste âmbito, referiu que o princípio de responsabilidade é “um pilar imprescindível da ação humana” que deve responder os próprios “atos e omissões perante a si, aos outros e a Deus”.

Para o Papa há o risco dos cidadãos, seus representantes e governantes “não sintam plenamente a seriedade dos desafios” que se apresentam, a complexidade dos problemas a serem resolvidos, e o perigo de “usar mal a potência” que as ciências e as tecnologias da vida proporcionam.

Aos 30 membros da comissão destacou que os temas e questões que a comissão aborda são “importantes para o homem atual” como indivíduo e na sua dimensão relacional e social.

Após citar o livro do Génesis (2, 15), o Papa recordou que na Encíclica ‘Laudato si’ distinguiu “cultivar” de “custodiar” que quer “uma relação de reciprocidade responsável entre ser humano e natureza”.

CB

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Agência ECCLESIA

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