Papa evoca «santo humilde e pobre», que fala a mundo em busca de «sinais de esperança»

Assis, Itália, 20 nov 2025 (Ecclesia) – O Papa visitou a cidade italiana de Assis, onde rezou junto ao túmulo de São Francisco (c. 1182-1226), projetando o 800.º aniversário da morte do fundador da família franciscana.
“É uma bênção poder vir hoje a este lugar sagrado. Estamos perto dos 800 anos da morte de São Francisco, o que nos dá a oportunidade de nos prepararmos para celebrar este grande santo humilde e pobre, enquanto o mundo procura sinais de esperança” disse Leão XIV, numa intervenção divulgada pelo portal de notícias do Vaticano.
A viagem aconteceu por ocasião da 81ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI); antes do encontro com os bispos, na Basílica de Santa Maria dos Anjos, o pontífice rezou em privado na Basílica Inferior de São Francisco.
No discurso aos bispos italianos, o Papa deixou um desafio inspirado no santo de Assis: “Que o exemplo de São Francisco nos dê também a força para fazer escolhas inspiradas por uma fé autêntica e para sermos, como Igreja, sinal e testemunho do Reino de Deus no mundo”.
Leão XIV destacou a importância de “ajudar as pessoas a viver uma relação pessoal” com Jesus, num “tempo de grande fragmentação”.
““A Palavra e o Espírito continuam a exortar-nos a ser artesãos da amizade, da fraternidade, de relações autênticas nas nossas comunidades, onde, sem reticências nem receios, devemos ouvir e harmonizar as tensões, desenvolvendo uma cultura do encontro e tornando-nos, assim, profecia de paz para o mundo”, indicou.
Vivemos um tempo marcado por fraturas, nos contextos nacionais e internacionais: muitas vezes se difundem mensagens e linguagens entoadas à hostilidade e à violência; a corrida pela eficiência deixa para trás os mais frágeis; a omnipotência tecnológica comprime a liberdade; a solidão consome a esperança, enquanto numerosas incertezas pesam como incógnitas sobre o nosso futuro”.



Leão XIV convidou os bispos italianos a trabalhar em “estilo sinodal”, com “um exercício efetivo de colegialidade”.
“Que nas Igrejas particulares, todos nos empenhemos em construir comunidades cristãs abertas, hospitaleiras e acolhedoras, nas quais as relações se traduzam em responsabilidade mútua a favor do anúncio do Evangelho”, apelou.
O Papa, antigo prefeito do Dicastério para os Bispos, considerou “bom que se respeite a norma dos 75 anos para o término do serviço dos ordinários nas dioceses e, apenas no caso dos cardeais, poderá avaliar-se a continuação do ministério, eventualmente por mais dois anos”.
Uma Igreja sinodal, que caminha nas trilhas da história enfrentando os desafios emergentes da evangelização, precisa de renovar-se constantemente. É preciso evitar que, mesmo com boas intenções, a inércia retarde as mudanças necessárias.”
O Papa chegou esta manhã de helicóptero, desde o Vaticano, e foi recebido, sob chuva forte, por várias pessoas que o esperavam na praça, antes de entrar na Basílica, acompanhado pelo guardião do Sacro Convento, fra’ Marco Moroni, e outros frades franciscanos, até à cripta.

No final do encontro com os bispos da CEI, Leão XIV dirigiu-se ao estádio de Santa Maria dos Anjos, de onde partiu para Montefalco,onde visitou de forma privada a comunidade monástica que guarda a memória de Santa Clara, cerca de 30 quilómetros a sul de Assis.
O Papa, antigo responsável mundial da Ordem de Santo Agostinho, já tinha visitado nessa qualidade a comunidade monástica, que hoje conta com 13 religiosas e segue a regra de Santo Agostinho.
Leão XIV presidiu à Missa e almoçou com as religiosas, antes de regressar ao Vaticano.
OC
