Homenagem ao padre Lorenzo Milani (1923-1967), no norte da Itália
Barbiana, Itália, 20 jun 2017 (Ecclesia) – O Papa afirmou hoje que é preciso “devolver a palavra” e respeitar a dignidade dos mais pobres, numa visita à localidade italiana de Barbiana, onde homenageou o padre Lorenzo Milani (1923-1967).
“É preciso devolver a palavra aos pobres, porque sem a palavra não há dignidade e, portanto, não há liberdade nem justiça”, defendeu Francisco nesta localidade, território da Arquidiocese de Florença.
O Papa esteve hoje no norte da Itália para uma homenagem pessoal a dois sacerdotes católicos do século XX, Primo Mazzolari (1890-1959) e, mais tarde, o padre Lorenzo Milani, por ocasião do 50º aniversário da sua morte.
Na sua última intervenção, Francisco sublinhou que a palavra que “pode abrir caminho para a plena cidadania na sociedade, através do trabalho, e para a plena pertença à Igreja, com uma fé consciente”.
“No nosso tempo, só a possibilidade de ter a palavra pode permitir o discernimento de tantas e, muitas vezes, confusas mensagens que chovem agora”, prosseguiu.
O Papa apelou a uma “plena humanização” para cada pessoa nesta terra, defendendo o direito “ao pão, à casa, ao trabalho, à família” e à “possa da palavra, como instrumento de liberdade e de fraternidade”.
Francisco chegou a Barbiana vindo de Bozzolo, de helicóptero, e recolheu-se de imediato em oração junto do túmulo do padre Milani.
Já na praça junto à igreja paroquial, o Papa dirigiu-se aos presentes para pedir amor pela Igreja e atenção aos “mais pobres e frágeis, seja na vida social como na vida pessoal e religiosa”.
A intervenção evocou o padre Lorenzo Milani como um sacerdote que “testemunhou como no dom de si a Cristo se encontram os irmãos nas suas necessidades”.
A visita contou com a presença de antigos discípulos e alunos do sacerdote florentino, que o Papa citou: "Aprendi que os problemas dos outros são iguais aos meus. Sair deles juntos é política. Sair sozinho deles é mesquinhez".
Francisco falou depois aos padres presentes, aos quais pediu que tenham “sede de Absoluto” e vivam com a força da fé e da caridade.
Antes de fechar o seu discurso, o Papa quis sublinhar que a sua visita quis ser um reconhecimento da “fidelidade ao Evangelho e retidão da ação pastoral” do padre Lorenzo Milani, que nem sempre terá sido compreendida.
“A Igreja reconhece nesta vida um modo exemplar de servir o Evangelho, os pobres e a própria Igreja”, insistiu.
Após este encontro, o Papa regressou ao Vaticano, concluindo assim uma viagem que partiu da sua própria iniciativa.
OC