Itália: Conferência Episcopal atualiza normas para a formação de novos sacerdotes

Documento sublinha importância de «escolher livremente e viver responsavelmente a castidade no celibato»

Foto: Vatican Media

Roma, 10 jan 2025 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Italiana (CEI) aprovou o documento com as novas normas para a formação de seminaristas, que aborda temas como a luta contra abusos, o celibato e a presença nas redes sociais.

O texto, divulgado esta quinta-feira, pós aprovação da Assembleia da CEI e confirmação do Dicastério para o Clero (Santa Sé), apresenta as quatro etapas do itinerário formativo proposto pelo documento orientador do Vaticano, publicado em 2016: propedêutico (um ano), discipulado (dois anos), configurativo (quatro anos) e síntese vocacional (um ano).

A CEI mantém a possibilidade de formação nos chamados Seminários Menores, propondo ainda comunidades semi-residenciais como novas modalidades de acompanhamento, e outras soluções para as chamadas “vocações adultas”.

O ponto 44 retoma as orientações do Vaticano relativamente a pessoas homossexuais.

“A Igreja, embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao Seminário e às Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay”, refere o texto, citando textualmente a ‘Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis’ que a Santa Sé atualizou em 2016, como referência para todas as comunidades católicas.

O texto da CEI considera “oportuno não reduzir o discernimento apenas a este aspeto, mas, como para cada candidato, captar o seu significado no quadro global da personalidade do jovem”.

O objetivo da formação, pode ler-se, é “a capacidade de acolher como dom, de escolher livremente e de viver responsavelmente a castidade no celibato”.

O quarto capítulo trata da formação no Seminário Maior, destacando que não se esgota na aprendizagem de conteúdos, nem se limita a comportamentos morais ou disciplinares, mas deve incidir no campo das “motivações e convicções pessoais”.

A CEI dedica ainda dois parágrafos ao tema da proteção dos menores e pessoas vulneráveis, convidando a superar uma visão legalista dos abusos.

“É preciso, antes de mais, prestar atenção ao que aconteceu antes, à causa, ao contexto individual e social, comunitário e eclesial, à formação, inicial e permanente, para que se possa pôr cobro a esta situação”, indicam os bispos.

As normas pedem particular atenção quando se aceita de um seminarista que saiu de outra casa de formação, com rejeição absoluta para candidatos que, depois dos 18 anos de idade, tenham abandoado ou sido expulsos de um seminário ou outros institutos por duas ocasiões.

No caso de candidatos estrangeiros, pede-se que, antes da sua eventual entrada no seminário, se preveja “um período de inserção cultural e eclesial” na Itália.

Seguindo as orientações do Sínodo 2021-2024, a CEI assume a necessidade de alargar a partilha do trabalho formativo dos seminaristas, convidando a “pensar criativamente em possíveis formas de colaboração, com particular atenção à figura feminina”.

O documento orientador menciona as tecnologias de comunicação, com destaque para as redes sociais, alertando para as “evasões propostas pelas ‘comunidades virtuais’ que se formam através das redes sociais”.

A Congregação para o Clero (Santa Sé) publicou a 8 de dezembro de 2016 o decreto orientador para a formação dos padres católicos, na qual é sublinhada a importância da “formação integral” e da maturidade psíquica, sexual e afetiva.

A ‘Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis’ foi atualizada 46 anos depois, procurando unir de “modo equilibrado as dimensões humana, espiritual, intelectual e pastoral, através de um caminho pedagógico gradual e personalizado”.

OC

Partilhar:
Scroll to Top