Ficou-se a saber na semana passada que o Estado de Israel pondera ceder à Igreja Católica a administração do Cenáculo, o local onde se acredita que Jesus celebrou a Última Ceia. O Embaixador de Israel no Vaticano, Oded Ben Hur, referiu que esta intenção assinala uma verdadeira “mudança de rumo” nas relações entre o seu país e a Santa Sé e que existe a vontade de colaborar com os católicos. Ben Hur declarou à Aciprensa que esta mudança ocorre “não somente em relação ao tema do Cenáculo” mas com o fim de “colaborar mais amplamente com o mundo católico”. Esta afirmação confirma que o acordo entre as autoridades israelitas e a Santa Sé faz parte de negociações para resolver outros problemas, como o do visto de permanência em Israel de membros da Igreja Católica. O Cenáculo, situado no Monte Sião, em Jerusalém, é um dos principais santuários cristãos mas, ao contrário dos outros, está sob administração israelita, dado que se situa no mesmo lugar onde fica o túmulo do rei David. A transferência do Cenáculo para a Santa Sé, provavelmente ao cuidado da Ordem Franciscana (que já tem a custódia da Terra Santa), estimularia a peregrinação dos cristãos de todo o mundo e beneficiará a indústria do turismo de Israel. Oded Ben Hur assegurou que o seu país começou a entender a importância de colaborar com o mundo católico. “O que vou dizer agora é muito significativo e de grande importância: o mundo hebraico e o mundo cristão, em particular o mundo católico, são aliados naturais que têm que trabalhar juntos”, indicou. Durante a Idade Média os Franciscanos instalaram no Cenáculo a sua primeira casa na Terra Santa, mas acabaram expulsos pelo Otomanos em 1551, que no local construíram uma mesquita. Posteriormente, o edifício passou para as mãos do Ministério israelita para o Culto, sendo hoje uma sinagoga. Em 2000, durante a histórica visita à Terra Santa, João Paulo II celebrou mesmo uma Missa privada no local, naquela que foi a primeira celebração eucarística no Cenáculo em vários séculos. Na Santa Sé ainda não se confirmou a informação sobre as negociações pela custódia do Cenáculo e, embora a Sala de Imprensa não tenha emitido nenhum comunicado oficial sobre o tema, foi já confirmado o teor das afirmações de Ben Hur.