Israel/Palestina: Fundação AIS alerta para necessidades da «pequena» comunidade cristã, vítima do conflito armado

«Com estes conflitos vai-se tornando cada vez mais minoritária, mais frágil» – Catarina Martins Bettencourt

Lisboa, 02 nov 2023 (Ecclesia) – A diretora da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) em Portugal alertou hoje para o impacto da guerra em Israel e na Palestina sobra a comunidade cristã, “uma pequena minoria” que também é vítima dos conflitos armados.

“Na Faixa de Gaza haverá 1000 cristãos e na Cisjordânia cerca de 37 mil cristãos, que são também vítimas deste conflito, não só de agora. É uma minoria que vive dentro de outras comunidades religiosas e tem sido sempre um desafio permanecer, mas não se tem falado deles”, disse Catarina Martins Bettencourt, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Os cristãos nesta região vivem essencialmente do turismo, como proprietários de pequenas lojas ou motoristas”, por exemplo, sendo a ausência de peregrinos “um problema muito grave na Cisjordânia, na zona de Belém”, onde muitas famílias vivem da venda de peças de artesanato, muitas delas ligadas ao Natal.

“Temos tentado ajudar, dar o acesso a alguns bens essenciais para que esta comunidade possa ficar, como acontece neste conflito que se tornou mais violento nestas últimas semanas. Não estamos só agora com eles, mas este momento é uma situação dramática: todos precisam de ajuda, incluindo a comunidade cristã”, desenvolveu a entrevistada.

Desde o dia 7 de outubro, quando o Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou um ataque em território israelita, esta região vive novamente em conflito armado diário, já Israel tem bombardeado, em retaliação, várias posições do movimento islamita na Palestina.

Foto: Agência ECCLESIA

A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, salienta a entrevistada, “tem sido pioneira” em dar a conhecer a comunidade cristã que “existe desde sempre naquela região”, onde milhares de pessoas querem ficar onde “os seus pais, os avós, viveram”.

No calendário católico, este dia 2 de novembro, está reservado para a “comemoração de todos os fiéis defuntos”, e Catarina Martins Bettencourt assinala que “é um dia muito especial” para lembrar todos aqueles que “perderam a sua vida porque estavam nas suas terras a testemunhar o Evangelho diariamente”.

Não nos podemos esquecer também todos aqueles que perderam a sua vida nesta fuga. Não nos podemos esquecer que esta região do Médio Oriente, onde o cristianismo começou, existe uma pequena minoria de comunidade cristã. Está praticamente desaparecida e, com estes conflitos, podemos imaginar que a vida vai ser cada vez mais difícil, a comunidade vai-se tornando cada vez mais minoritária, mais frágil e com maiores necessidades”.

A diretora da AIS em Portugal recordou, em entrevista ao Programa ECCLESIA, emitida hoje na RTP2, que o pároco católico na Faixa de Gaza pediu que todos pudessem “levar mais longe uma mensagem de paz”, explicando que a fundação pontifícia é a ponte “entre quem está no terreno e está a viver essas dificuldades”, e os órgãos decisores.

Catarina Martins Bettencourt deu também o exemplo da irmã Nabila Saleh, uma das parceiras da AIS no terreno, que também está na Paróquia da Sagrada Família, que acolhe “cerca de 700 pessoas, das quais cerca de 100 são crianças”, e “é um rosto de esperança” para essas pessoas, “nem todas cristãs”.

HM/CB/OC

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