Diretor-adjunto do Diário de Notícias analisa guerra no Médio Oriente, com o agravamento da situação humanitária em Gaza

Lisboa, 24 jul 2025 (Ecclesia) – O diretor-adjunto do Diário de Notícias, Leonídio Paulo Ferreira, criticou a comunidade internacional por falta de ação perante o conflito entre Israel e a Palestina, no Médio Oriente, que considera estar “cheio de hipocrisias”.
“Temos que fazer aqui uma crítica muito forte à comunidade internacional. Este conflito não é de agora, este é um conflito que está cheio de hipocrisias”, afirmou o jornalista em entrevista ao programa Ecclesia, transmitido hoje na RTP2.
Segundo Leonídio Paulo Ferreira, “há países aliados de Israel que nunca fizeram a pressão que diziam ter feito” sobre o país “em momentos que isso podia acontecer”, mas também há nações “que têm uma relação hipócrita com a causa palestiniana”.
“Mesmo neste momento quando há estas críticas todas internacionais, os países árabes que fizeram relações diplomáticas com Israel não as cortaram por causa da situação em Gaza, e obviamente que o Hamas e a autoridade palestiniana não são inocentes em nada disto”, observa.
O entrevistado fala numa “situação complicada” e “difícil” que a população palestiniana vive desde 1948, quando a “solução dos dois Estados falha e Israel emerge como Estado e não há um Estado palestiniano”.
“Esta população obviamente é muito manipulada por todos estes interesses que na verdade fala-se muito, fala-se muito, mas não se age como se deveria a agir, e eu não estou a dizer neste momento, estou a dizer num contexto de décadas”, salienta.
Sobre a intervenção das Nações Unidas (ONU) no conflito, Leonídio Paulo Ferreira considera que quando se fala no poder de decisão junto de Estados mais poderosos, a força desta organização “é mínima” e “está cheia de contradições”.
Leonídio Paulo Ferreira dá conta que as votações que acontecem no Conselho de Segurança ou na Associação Geral não “refletem uma reação àquilo que se está a passar no terreno”.
“São muitas vezes cálculos políticos dos países, e obviamente que significa que nenhum dos lados confia na ONU para uma solução”, indica.
Recuando ao reacender do conflito israelo-palestiniano, a 7 de outubro de 2023, o jornalista considera que há dois objetivos por parte de Israel: “resgatar os reféns” e “acabar de vez com o Hamas”.
“Nada justifica a mortandade que acontece, mas eu estou aqui a tentar analisar do ponto de vista de que não é uma obsessão, na minha opinião, do governo israelita de Netanyahu, é um sentimento da sociedade israelita que tem que se defender e por isso é que luta nas várias frentes”, refere.
Em entrevista, Leonídio Paulo Ferreira destacou também o facto de Israel estar neste momento “a ser muito criticado também por países que normalmente são aliados e que apoiam”, referindo-se à declaração conjunta de 25 países que pedem o fim da guerra.
“Este último apelo, aliás, de duas dezenas de países para que Israel pare com os combates, tem muitos subscritores que são países que apoiaram Israel, por exemplo, quando foi o 7 de Outubro”, indica.
O diretor-adjunto do Diário de Notícias considera que “o contexto de guerra traz vantagens pessoais” para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, uma vez que, “por um lado, evita eleições antecipadas que ele pode ou não perder”.
“Eu acho que é difícil que ele perca, mas ao mesmo tempo alivia a pressão sobre os casos judiciais que ele tem. Acho, no entanto, que seria errado reduzirmos todo este esforço de guerra de Israel a uma mera conveniência Netanyahu”, assinala.
O jornalista acredita que “há uma convicção forte no Estado de Israel que, depois da fragilidade mostrada no tal 7 de Outubro de 2023, o país tem de dar uma resposta, tem de mostrar força e tem de dizer aos seus inimigos que não é vulnerável”.
“E isso marca muitas decisões políticas, portanto, não reduziria de maneira nenhuma o interesse pessoal de Netanyahu, sendo óbvio que Netanyahu tem vantagens pessoais desta guerra continuar”, realçou.
PR/LJ