D. Youssef Soueif adianta que no Líbano «ninguém deseja a guerra, as pessoas sabem que a violência não é solução»
Lisboa, 23 nov 2023 (Ecclesia) – O arcebispo maronita de Tripoli disse que no Líbano “as pessoas têm medo, muito medo” que a guerra entre Israel e o grupo Hamas alastre para outros países e afirma que a “comunidade internacional tem de implementar dois estados”.
“A comunidade internacional tem a obrigação de implementar a solução dos dois estados. Caso contrário, será um conflito aberto durante décadas, ou séculos – com pausas, mas uma guerra aberta – porque ninguém quer deixar o seu país e a sua terra”, disse D. Youssef Soueif, à Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), na sede internacional da fundação na Alemanha.
Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, pelo secretariado português da AIS, arcebispo maronita de Tripoli deseja que “acabe esta guerra, que acabe ontem, antes de hoje” e adianta que as pessoas no Líbano “têm medo, muito medo”, que esta guerra possa alastrar na região, depois de “17 anos de guerra as pessoas sabem que a violência não é uma solução”
“Neste momento, no Líbano, ninguém deseja a guerra; Esperamos uma solução diplomática”, acrescentou, salientando que, “no final, neste jogo geopolítico, serão outros a tomar as decisões”.
A escalada de violência surgiu depois de uma série de ataques terroristas do Hamas, a 7 de outubro, contra território israelita, que provocaram cerca de 1200 mortos, feridos e mais de 200 desaparecidos, a retaliação israelita na Faixa de Gaza provocou mais de 11 mil mortos, cerca de 2500 desaparecidos, na maioria civis, e cerca de 1,5 milhões de deslocados, segundo as autoridades locais.
Esta quarta-feira, 22 de novembro, o Papa Francisco lançou uma campanha de oração especial pela paz, tendo como intenção particular a situação na Palestina e Israel, apelando ao fim do conflito para que se evite chegar a uma “montanha de mortos”, num vídeo divulgado pela Rede Mundial de Oração do Papa e enviado à Agência ECCLESIA.
D. Youssef Soueif adiantou que, em resposta aos sucessivos apelos do Papa à paz, todas as paróquias e escolas católicas da sua diocese estão a rezar por essa intenção, e tem promovido iniciativas inter-religiosas, com os líderes muçulmanos.
A guerra na Faixa de Gaza agrava a instabilidade em que se encontra o Líbano, o arcebispo maronita de Tripoli alertou para a urgência de ajudar o seu país a ultrapassar esta situação, onde cerca de 70% da população libanesa vive em pobreza, uma situação que se acentuou com a pandemia Covid-19, agravada, em agosto de 2020, com a explosão no Porto de Beirute.
“Precisamos de ajudar a manter o Líbano de pé. Precisamos de restaurar a ordem e a confiança internacional neste país. Para isso, precisamos de eleições, temos um primeiro-ministro mas não há presidente, pelo que o país não funciona e isso é muito perigoso, para toda a região”, desenvolveu D. Youssef Soueif, contabilizando também que o Líbano tem mais refugiados do que população nativa, incluindo cerca de 2,5 milhões de sírios e meio milhão de palestinianos.
O secretariado português da AIS lembra que a fundação pontifícia está a realizar “uma grande” Campanha de Natal de apoio aos cristãos do Líbano, “mas também da Síria e da Terra Santa”, em Portugal e a nível internacional, “vital para a sobrevivência das comunidades cristãs nesta região”.
CB
