Igreja é local de refúgio da guerra, organização internacional partilhou testemunhos de cristãos que viram as suas casas destruídas
Lisboa, 15 dez 2023 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informa que “estilhaços dos ataques do exército israelita” ao movimento Hamas, a edifícios perto da igreja da Sagrada Família, atingiram estruturas da Paróquia de Gaza, na Faixa de Gaza.
“Só um milagre impediu que nos acontecesse uma grande catástrofe”, disse fonte local à AIS Internacional, divulga o secretariado português da fundação pontifícia.
Uma nota enviada hoje à Agência ECCLESIA informa que destruíram tanques de água e painéis solares nos telhados das estruturas da Paróquia de Gaza, no “último fim de semana”, dias 9 e 10 de dezembro, quando foram atingidos por “estilhaços dos ataques do exército israelita a edifícios” situados perto da Igreja da Sagrada Família, que danificaram veículos e outras partes deste complexo; na terça-feira, 12 de dezembro, descobriram um “míssil por explodir” nos limites da Paróquia de Gaza.
Na última quarta-feira, o Papa Francisco manifestou “muita preocupação e dor” perante o conflito em Israel e na Palestina, apelando a um fim “imediato” das hostilidades, horas depois de a Assembleia-Geral das Nações Unidas ter aprovado, com apoio de 153 países, uma resolução não vinculativa que exige um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza.
A 7 de outubro, o grupo islamita Hamas atacou o território israelita, matando 1200 pessoas, na sua maioria civis, e fazendo mais de 200 reféns; Em retaliação, Israel vem bombardeando Gaza e bloqueou a entrada de bens essenciais como água, medicamentos e combustível; estima-se que os ataques tenham provocado mais de 18 mil mortos e 50 mil feridos.
Segundo a Ajuda à Igreja que Sofre, a crise que se fazia sentir na Terra Santa, “com a diminuição brutal do número de peregrinos que estava a afetar a sobrevivência das famílias cristãs”, agravou-se com estes novos combates.
A fundação pontifícia a nível internacional recebeu, e partilhou, relatos do choque que alguns cristãos sentiram ao ver como tinham ficado as suas casas após os bombardeamentos.
O que possuíamos, incluindo todas as minhas recordações de infância, passou à história. Regressei à igreja e dei a notícia aos meus pais e às outras famílias cristãs que se tinham refugiado connosco. No dia seguinte, retirei a chave do meu porta-chaves, porque já não preciso dela para ir para casa!”.
“Foi devastador ver que o nosso apartamento, no último piso de um prédio familiar de quatro andares, estava completamente destruído, restando apenas um quarto! Recolhemos alguns objetos e regressámos para a segurança do complexo da igreja, à espera do fim desta guerra feia para podermos começar o processo de reconstrução das nossas vidas”, disse um dos cristãos à AIS, que foi ver a sua casa quando foi declarado o cessar-fogo, após 48 dias de guerra.
Umas semanas antes, no “27.º dia de guerra”, outra família cristã em Gaza, que também encontrou refúgio na igreja, recebeu a notícia que o “bairro tinha sido atacado”, quando os bombardeamentos abrandaram foi ver o prédio, “onde habitavam outras famílias cristãs”, e “todo o edifício residencial tinha sido completamente demolido, não restava nada”.
A Fundação a Ajuda à Igreja que Sofre assinala que “milhares de cristãos na Terra Santa” já beneficiaram do seu apoio, que inclui refeições, cupões de alimentos, pagamento de rendas ou de contas de serviços públicos e material médico.
CB/OC