Fundação pontifícia alerta para deportações que ameaçam vida de «centenas de cristãos»
Lisboa, 06 fev 2018 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informa que o Governo Israelita está a entregar cartas a “dezenas de milhares” de requerentes de asilo, essencialmente, da Eritreia e do Sudão, oferecendo apoio financeiro para regressarem aos seus países.
No comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a AIS informa que o Governo de Telavive deu “60 dias” para os requerentes de asilo notificados decidirem se regressam aos seus países, mas quem recusar vai ser preso.
O apoio financeiro de “cerca de 2800 euros”, com passagem de avião, foi oferecido, essencialmente, a pessoas da Eritreia e do Sudão e vai afetar “cerca de 35 mil imigrantes africanos” desses dois países que conseguiram entrar em Israel, “principalmente entre 2006 e 2012”, pela fronteira na Península egípcia do Sinai.
A fundação pontifícia entende que esta medida é um “ultimato aos candidatos a refugiados”, recordando que “muitos dos provenientes da Eritreia são cristãos”, país onde esta comunidade “é particularmente perseguida”.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados realçou que apenas oito eritreus e dois sudaneses foram reconhecidos até agora como refugiados em Israel, enquanto os restantes “têm recebido apenas uma autorização de residência temporária”, renovada a cada três meses.
No relatório sobre a perseguição aos cristãos no mundo da AIS, publicado no final de 2017, a Eritreia foi classificada como um dos países onde “o regime exerce uma violência extrema sobre os seus cidadãos”.
O documento ‘Perseguidos e esquecidos?’ denuncia, por exemplo, o caso de pelo menos 33 mulheres cristãs que foram encarceradas na prisão-ilha de Nakura, “conhecida por torturar os detidos”, e que estavam entre os mais de 120 cristãos detidos “acusados de participar em atividades de oração envolvendo grupos religiosos proibidos”.
A fundação pontifícia recorda que já em maio de 2016, tinha denunciado que o regime eritreu tinha centenas de cristãos detidos nas suas prisões.
A AIS recorda ainda a carta de 2014 de quatro bispos da Eritreia onde, de forma indireta, alertaram para a situação de perseguição e que as pessoas fugiam para “viverem em países pacíficos, com justiça, trabalho, onde se possam expressar livremente e em alta voz, países onde cada um possa viver do seu trabalho”.
CB/OC