Irmandade investe no acolhimento dos romeiros de São Bento

A Irmandade de São Bento da Porta Aberta parece querer resgatar o sentido da primitiva ermida, construída em 1640, que, situada numa pequena elevação e mantendo sempre as portas abertas, servia de abrigo a quem passava. Também os romeiros, que têm chegado desde ontem ao Santuário minhoto para participar nas festividades anuais em honra do padroeiro da Europa, têm à sua disposição um conjunto de iniciativas de carácter religioso e cultural, e diversas infra-estruturas, que pretendem amenizar o cansaço de uma caminhada, que, em muitos casos, durou vários dias. «Os romeiros e peregrinos de São Bento esperam obter, de alguma modo, uma atenção especial, porque percorrem longas distâncias até ao Santuário. É bom que todos entendam que uma peregrinação ao Sameiro e uma peregrinação/ romagem ao São Bento da Porta Aberta são distintas », refere o presidente da Irmandade, cónego Eduardo de Melo Peixoto, que explica que, «no segundo caso, as pessoas chegam de madrugada e partem na madrugada seguinte. Por isso, existe um período que tem de ser preenchido. Os peregrinos chegam cansados e precisam de repousar o corpo e o espírito, e, por isso, oferecemos-lhe uma série de actuações de bandas filarmónicas – estas actuam num espaço próprio – e espectáculos de concertinas. Se não têm um local para dormir, podem pelo menos distrair-se». O culto a São Bento, em Rio Caldo, deve a sua origem à influência dos monges de Santa Maria de Bouro. O acolhimento continua a ser, de facto, um aspecto característico da Ordem beneditina, que os responsáveis da Irmandade querem ver preservado no actual Santuário, inaugurado em 1895. Os responsáveis decidiram, em 1994, erigir um novo local de culto, que acabou por ficar situado num espaço adjacente. A nova igreja foi concluída em 2002 e, entretanto, a Irmandade já adaptou e melhorou as casas das estampas e de ex-votos, e construiu um parque de merendas e lazer. Durante os meses de Verão, os romeiros e peregrinos também podem contar com a presença diária de um médico. No Outono e no Inverno, este técnico permanece na enfermaria apenas ao fim-de-semana. Em relação ao culto, Cónego Melo refere que «a nova igreja tem acolhido os actos com maior afluxo de fiéis, mas a visita ao Santo continua a decorrer na antiga igreja». «Porém, há peregrinos que visitam o “santo de cima” e o “santo de baixo” », graceja o sacerdote, que garante que «o reitor do Santuário e arcipreste de Terras de Bouro, padre Adelino Sousa, tem procurado imprimir um maior brilho às celebrações». «Também há bastantes sacerdotes disponíveis para atender os peregrinos no sacramento da reconciliação », confirma. Ainda em relação ao culto, o presidente da Irmandade destaca a recente aquisição de um órgão e os sucessivos concertos (ver caixa). «A música é tranquilizante e as pessoas sentem-se bem», explica o responsável, que diz «querer acolher da melhor forma os romeiros e peregrinos que chegam ao Santuário». Ao longo dos tempos, milhares de pessoas têm percorrido dezenas de quilómetros em direcção ao Santuário e aberto novos caminhos de Fé, que surgem consoante a proveniência dos romeiros. Surgiram, assim, os caminhos do Formigueiro, das Pontes, de Montalegre, de Vilar da Veiga e de Lóbios, entre outros. «Não tenho encontrado muitos estrangeiros que venham [ao Santuário] cumprir promessas. Percebo-o através das esmolas e, geralmente, a moeda estrangeira que aparece nas caixas [de esmolas] não pertence aos estrangeiros que visitam o Santuário, mas aos portugueses que foram incumbidos da missão de trazerem e oferecerem dinheiro de vizinhos ou amigos que vivem com eles noutros países. Em vez de estarem a cambiar os 20 dólares americanos ou canadianos, ou francos suíços, deitam a moeda ou a nota que os portugueses no estrangeiro lhe deram», conclui. Crianças Uma parceria entre a Irmandade de São Bento da Porta Aberta e os Cursos de Cristandade de Braga vai permitir inaugurar, até ao fim do ano e nas imediações do Santuário, um espaço para a realização de colónias de férias, destinadas a crianças e jovens. «Com o objectivo de defender o Santuário, a Irmandade adquiriu alguns terrenos envolventes e tem tentado tornar o local rentável», refere Cónego Melo, explicando, igualmente, que no local existem duas casas. «Numa [casa], instalou-se, há cerca de um ano, uma comunidade de irmãs cistercienses; na segunda habitação, estamos a proceder a obras simples de adaptação, pois o edifício está bem conservado. Os Cursos de Cristandade colocarão na casa algum material, tal como camas e beliches, que levarão da Rua do Alcaide [onde se situa o Secretariado do movimento em Braga] para se poder promover, de forma regular, colónias de férias para crianças e jovens», refere o sacerdote, que afirma que a infra-estrutura vai ficar com capacidade para 50 pessoas.

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Agência ECCLESIA

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