Irmã Maria do Lado, 400 anos depois

Religiosa é uma das candidatas portuguesas à beatificação No dia 24 de Junho ocorre o quarto centenário do nascimento de Maria de Brito, fundadora da Comunidade de Recolhidas Escravas do Santíssimo Sacramento do Louriçal. Para comemorar esta efeméride, as irmãs Clarissas do Desagravo vão promoveralgumas celebrações. Assim, no dia 23 de Junho, às 19 horas, a Eucaristia solene será presidida pelo Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, seguindo-se, pelas 21 horas, uma conferência pelo Franciscano Henrique Rema. Nessa altura será inaugurado o Museu-Memorial. Entretanto, a 24 de Junho, data aniversaria do nascimento da Madre Maria do Lado, será celebrado a Eucaristia, às 20h30, seguindo-se adoração do Santíssimo até às 24 horas. No Domingo, 3 de Julho, haverá uma procissão solene, do Convento para a igreja matriz, pelas 16h30, seguindo-se a celebração da Eucaristia, sob a presidência do Bispo de Coimbra. A caminho dos altares No próximo dia 24 de Junho completam-se 400 anos sobre o nascimento de Maria de Brito, a Irmã Maria do Lado, fundadora do comunidade religiosa do Convento do Louriçal, Pombal. A religiosa era filha de António Rego, natural do Louriçal, e de Maria de Brito, que nascera em Torres Vedras. Ambos pertencentes à nobreza.. Aos 16 anos, a futura religiosa ficou órfã de mãe. Pouco depois de os Franciscanos, do Convento da Figueira da Foz, chegarem ao Louriçal, ela converte-se à Ordem, entregando-se definitivamente à vida religiosa. Em 1630 decide, por aconselhamento do padre Franciscano Bernardino das Chagas, formar, com mais cinco mulheres, um Lausperene (adoração perpétua) de adoração do Santíssimo Sacramento. Essa decisão foi fortalecida, a partir de 1631, pela profanação do sacrário da Igreja de Santa Engrácia: a partir daí, a Ir. Maria do Lado dedicou a sua vida a reparar, louvar e adorar o Santíssimo Sacramento. O seu nome religiosos é uma referência ao Lado de Cristo, trespassado pela lança no calvário. Nesse mesmo ano, as devotas recebem o hábito de Terceiras Professas da Ordem da Penitência de S. Francisco, fundando-se assim o primeiro Recolhimento religioso do Louriçal. Depois da sua morte, por doença, em 1632, conhecido o seu desejo da construção de um mosteiro, lança-se a primeira pedra em 1640, no local do seu nascimento. 50 anos depois, D. Pedro II ordena a construção de um novo convento, concluído em 1708. Antes, em 1692, já o Papa Inocêncio XII tinha dado ordem para o transformar em Convento de Clarissas, onde ainda hoje as irmãs da Ordem de Santa Clara vivem em clausura. Como escreve a Ir. Fernanda Ferreira, autora do livro “Convento do Louriçal – da profecia à realidade”, a Madre Maria do Lado tinha frequentemente “visões intelectuais”, sendo a mais famosa sobre o assalto à Igreja de Santa Ingrácia, o que de facto aconteceu. Quando o príncipe D. João (futuro D. João V) adoece gravemente, é feita a promessa de concluir o Convento do Louriçal, caso se curasse, o que veio a acontecer, depois do padre Francisco da Cruz, irmão de Maria do Lado, lhe ter colocado no leito terra da sepultura da irmã e uma cruz que lhe pertencera. O seu corpo está sepultado na capela mor do convento. Em Novembro de 2004, a ssembleia plenária da CEP pronunciou-se a favor da reabertura do processo de canonização da Irmã Maria do Lado, Fundadora do Mosteiro do Louriçal. da causa. A decisão veio ao encontro da intenção das irmãs do Convento do Louriçal, que têm prosseguido a causa da beatificação da fundadora da primeira comunidade religiosa daquela vila, cujo processo foi entregue ao Vaticano no século XVIII, acabando por ser arquivado. Reactivá-lo tem sido intenção das Clarissas do Desagravo, que, em Maio de 2003, comunicaram mesmo essa intenção ao Cardeal José Saraiva Martins, quando veio a Fátima. Todo o processo antigo vai ser muito útil, porque há depoimentos que já têm 200 anos e que são muito mais autênticos do que os de hoje, relativamente à devoção, amizade, amor e veneração que já havia. Há sete anos, uma jovem de Ponte da Barca, que vivia em cadeiras de rodas, levantou-se, conseguindo andar, capacidade que era dada como impossível pelos médicos. A família da rapariga atribuiu a ocorrência a uma graça de Madre Maria do Lado, já que a mãe ia frequentemente ao Louriçal fazer novenas. Ainda hoje, há muita gente que vem pedir graças através dela, para os seus problemas do dia a dia. O processo de beatificação da religiosa do Louriçal é, contudo, dos que está mais atrasado entre os portugueses no Vaticano.

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