Assinalou-se na passada Sexta-feira o quarto aniversário sobre a morte da Irmã Lúcia. Em 2008, por altura do terceiro aniversário, o prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, D. José Saraiva Martins, anunciava a antecipação do processo de beatificação e canonização da vidente de Fátima. Um ano depois, o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, adianta que a comissão histórica deverá reunir-se durante o próximo mês de Março. Apesar de Bento XVI ter dispensado os cinco anos habituais para o início dos processos de beatificação, D. Albino realça que “tudo isto é muito lento”, não havendo uma previsão para a conclusão das diligências. O padre italiano Ildefonso Moriones, antigo consultor da Congregação da Causa dos Santos, é o sacerdote eleito para ser postulador da causa da beatificação da Irmã Lúcia. Para vice-postulador foi escolhido o cónego Alberto Gil, sacerdote há mais de 50 anos e antigo reitor do Seminário Maior de Coimbra. É a ele que cabe a missão de recolher, analisar e enviar para Roma os milhares de documentos que vão fundamentar o pedido de beatificação da carmelita. A comissão histórica é constituída por um grupo de cinco elementos, sendo um deles da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Cabe-lhes investigar, exaustivamente, a documentação em torno da Irmã Lúcia, escrita ou não por ela, e averiguar todas as fontes. O Cónego Alberto Gil explica ainda que há também uma comissão de teólogos, “absolutamente secreta”, que terá um papel determinante na análise de toda a informação que poderá provar a santidade da vidente de Fátima. Às duas comissões acrescenta-se um conjunto de 40 pessoas, que conviveram directa ou indirectamente, com Lúcia de Jesus, que serão sujeitas a um inquérito individual. Todos estão sob “juramento de fidelidade”, continua o vice-postulador, acrescentando, tal como D. Albino Cleto já o tinha feito, que o processo “não se resolve de um dia para o outro”. Reunida toda a informação, os elementos seguem para a Congregação dos Santos, no Vaticano, o que não significa, por si só, a beatificação da vidente. Nada acontecerá se não houver a comprovação da existência de um milagre, realça o cónego. Quando veio a Coimbra em Abril do ano passado, onde reuniu no Carmelo de Santa Teresa com a madre superiora, o Bispo de Coimbra e o vice-postulador, Ildefonso Moriones indicava que o processo de recolha deveria durar apenas alguns meses, uma vez que Irmã Lúcia tinha muita informação escrita, ao contrário dos outros dois pastorinhos, Francisco e Jacinta. Na altura, D. Albino Cleto já dizia que se tratava de uma visão “muito optimista”, acrescentando agora o cónego Alberto Gil que tudo está a decorrer dentro da normalidade, sem prazos estipulados. A Irmã Lúcia faleceu a 13 de Fevereiro de 2005 – poucos dias antes de completar 97 anos -, na cela no Convento de Santa Teresa, onde passou grande parte da sua vida. Antes de ser trasladado para Fátima, por altura do primeiro aniversário da sua morte, o corpo da vidente foi sepultado nos claustros do convento.