Padre Romano Gambalunga acompanha a clausura da fase diocesana
Coimbra, 13 fev 2017 (Ecclesia) – O responsável pela Causa de Canonização da Irmã Lúcia (1907-2005), que passa a partir de hoje para a responsabilidade da Santa Sé, disse à Agência ECCLESIA que o processo exige “calma”, face à dimensão do trabalho realizado.
“A Igreja faz bem em ir com calma, é uma oportunidade para todos nós”, sublinhou o padre Romano Gambalunga, postulador da causa, para quem é necessário eliminar quaisquer equívocos sobre “a vida e a missão” da vidente de Fátima.
“Lúcia já é santa para as pessoas, também muitos clérigos, mas o caminho prudente da Igreja é para que seja proposta a todos, não só a quem já acredita” na sua santidade, sublinhou o responsável, que acompanha na igreja do Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, o encerramento da fase diocesana deste processo.
O religioso carmelita acredita que a dispensa do período de espera de cinco anos após a morte da Irmã Lúcia, concedido pelo Bento XVI em 2008, antes do início de se dar início ao processo pode ser visto como um sinal que o agora Papa emérito “quis confirmar o sentir do povo de Deus.
Mais de oito anos de trabalho depois, o final desta fase deixa o postulador “felicíssimo” e pronto a nova etapa, agora na Santa Sé.
A Congregação para as Causas dos Santos vai receber “muitos, muitos documentos”, mais de 50 volumes, que reúnem mais de 15 mil páginas, as quais vão ser resumidas na chamada ‘positio’, com as “melhoras provas” e testemunhos sobre a vida da Irmã Lúcia, para demonstrar que “viveu de uma maneira santa”.
“Lúcia tornou-se santa ao longo dos anos, não por causa das aparições”, em particular por causa da “experiência espiritual” do Carmelo, assinala o padre Romano Gambalunga.
Para este responsável, é essencial não fazer as coisas “à pressa”, mas “aprofundar” a história da vida da vidente de Fátima, que ajuda a iluminar a história da Igreja Católica nos últimos 100 anos
“É uma grande ocasião de aprofundamento teológico e espiritual”, insiste.
Após o reconhecimento das “virtudes heroicas”, o processo exigirá o reconhecimento de um milagre, como “sinal que Deus quer dar”, explica o postulador.
“Já existem casos para aprofundar”, adianta, precisando que antes são necessários “alguns meses” antes de se chegar a esse ponto do processo.
A etapa diocesana da causa de canonização da vidente de Fátima, que hoje se encerra solenemente, reúne todos os escritos da Irmã Lúcia, os depoimentos das testemunhas ouvidas acerca da sua fama de santidade e das suas virtudes heroicas, passando para a competência direta da Santa Sé e do Papa.
A irmã Lúcia de Jesus viveu 57 anos de vida carmelita e encontra-se sepultada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima, desde 2006.
OC