Irlanda: Papa salienta a Família como «a esperança da Igreja e do mundo»

Francisco encerrou primeiro dia da visita apostólica à Irlanda com um momento de festa com famílias de todo o mundo no Croke Park Stadium

Dublin, 25 ago 2018 (Ecclesia) – O Papa marcou esta sexta-feira a Festa das Famílias, no Croke Park Stadium em Dublin, integrada no Encontro Mundial de Famílias, com uma mensagem de proximidade e confiança a todos os casais e esposos cristãos.

“A Igreja é a família dos filhos de Deus; uma família, onde se regozija com aqueles que estão na alegria e se chora com aqueles que estão na tribulação ou se sentem desanimados com a vida”, sustentou Francisco, que encorajou as muitas famílias que encheram o recinto “a continuar a crescer e a seguir em frente” na sua missão e testemunho.

“Vós, famílias, sois a esperança da Igreja e do mundo!”, assegurou o Papa argentino, que pediu aos participantes para que nunca esmoreçam enquanto exemplo de amor, pois só através desse sinal podem contribuir também para “aproximar” o mundo, para que este viva “em paz como uma grande família”.

O 9.º Encontro Mundial de Famílias começou no dia 21 de agosto, com os primeiros três dias a serem reservados a um congresso de reflexão sobre os desafios das famílias.

Uma das principais bases para essa reflexão foi a exortação apostólica ‘A Alegria do Amor’, escrita pelo Papa Francisco após o Sínodo dos Bispos dedicado à Família.

Na sua intervenção ao final desta tarde de sábado, no Croke Park Stadium, Francisco referiu que quis “entregar a cada família uma cópia” desse documento “para ser uma espécie de guia a fim de se viver com alegria o Evangelho da família”.

Um percurso de vida que, tal como o Papa teve oportunidade de constatar através do testemunho de vários casais participantes no evento, dos vários continentes, está repleto de escolhos mas também de bençãos.

“Deus quer que cada família seja um farol que irradia a alegria do seu amor pelo mundo. Que significa isto? Significa que nós, depois de termos encontrado o amor de Deus que salva, procuramos, com palavras ou sem elas, manifestá-lo através de pequenos gestos de bondade na vida rotineira de cada dia e nos momentos mais simples da jornada”, apontou.

Com base no testemunho da família Felicité, Isaac e Ghislain, proveniente do Burkina Faso, “uma história comovente de perdão”, o Papa tocou num dos aspetos que mais minam os relacionamentos atuais, a incapacidade de perdoar as falhas do outro.

“Não existe uma família perfeita; sem o hábito do perdão, a família cresce doente e gradualmente desmorona-se”, lembrou.

Através do casal Nisha e Ted, da Índia, Francisco referiu-se a outro ponto que desafia hoje a coesão das famílias, e mesmo de todos os laços entre as pessoas: a excessiva dependência das tecnologias.

“É importante que estes meios nunca se tornem uma ameaça para a verdadeira rede de relações de carne e sangue, prendendo-nos numa realidade virtual e isolando-nos das relações autênticas que nos estimulam a dar o melhor de nós mesmos em comunhão com os outros”, frisou o Papa argentino.

No estádio, escutou-se também a história do casal Enass e Sarmaad, que mesmo no meio da guerra e da violência que devasta o seu país, o Iraque, conseguem viver “o amor e a fé em família” e procurar “ser fontes de força e paz” para os outros.

“A sua história recorda-nos as trágicas situações que sofrem quotidianamente muitas famílias, forçadas a abandonar as suas casas à procura de segurança e de paz. Mas Enass e Sarmaad indicaram-nos também como, a partir da família e graças à solidariedade manifestada por muitas outras famílias, a vida pode ser reconstruída e renascer a esperança”, completou.

Ao longo desta Festa das Famílias, abrilhantada por várias atuações artísticas como a do tenor italiano Andrea Bocelli, destacaram-se ainda várias outras histórias, como a de Mary e Damian, um casal com 10 filhos; e a de Aldo e Marissa, casados há 50 anos.

E uma mensagem especial do Papa a favor dos mais velhos, das gerações mais experientes, sem os quais também “não há futuro”.

“É um grande erro não interpelar os idosos sobre as suas experiências ou pensar que seja uma perda de tempo conversar com eles”, concluiu o Papa Francisco.

O programa da 24.ª visita apostólica internacional do Papa argentino, à Irlanda para participar no Encontro Mundial de Famílias, termina este domingo, com especial destaque para a deslocação ao Santuário de Knock e para a Missa de encerramento do evento, no Phoenix Park.

JCP

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