Irlanda: Igreja chocada com envolvimento de padre em atentado

A Igreja Católica na Irlanda mostrou-se chocada com os resultados de um relatório policial que liga o padre católico James Chesney a um atentado realizado pelo Exército Republicano Irlandês (IRA).

O cardeal Sean Brady, arcebispo de Armagh, e D. Seasmus Hegarty, bispo de Derry, numa declaração conjunta à Catholic News Agency, disseram que a Igreja Católica “sempre condenou a violência. Por isso, é chocante que um padre seja suspeito de se ter envolvido em tamanho acto violento”.

Recorde-se que o provedor da polícia da Irlanda do Norte, Al Hutchinson, apresentou dia 24 um relatório em que considera o padre James Chesney como “o cérebro” do atentado ocorrido em 1972, na localidade rural de Claudy.

Na altura, a explosão de três carros armadilhados matou 9 pessoas e feriu outras 30. Até hoje, ninguém foi condenado pela acção criminosa, considerada uma das mais sangrentas no país, e que foi atribuída às acções de guerrilha do IRA.

38 anos depois, o mesmo relatório refere que o Estado britânico e a Igreja terão encoberto a ligação do sacerdote aos acontecimentos. O padre Chesney, pouco depois dos acontecimentos, foi transferido para uma paróquia norte irlandesa, fora da jurisdição do Reino Unido. Viria a falecer de cancro, em 1980, sem nunca ter sido interrogado pela polícia.

Sobre esta matéria, os responsáveis da Igreja consideram que “o caso deveria ter sido resolvido durante o tempo de vida do padre Chesney. Se haviam provas suficientes, ele deveria ter sido preso e interrogado, como todas as pessoas”.

O cardeal Sean Brady e o bispo Seasmus Hegarty referem ainda que “como nada foi feito, acabou-se por falhar perante todos os que foram assassinados, feridos e enlutados no atentado”.

O governo da Irlanda do Norte também já reagiu aos dados divulgados pelo relatório, através do primeiro-ministro Owen Paterson, mostrando-se “profundamente desolado” com os alegados acontecimentos.

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