Iraque: Discurso do Papa «sacudiu comunidade internacional»

Opinião do secretário do Conselho Pontifício Justiça e Paz, D. Mario Toso

Cidade do Vaticano, 22 ago 2014 (Ecclesia) – O secretário do Conselho Pontifício Justiça e Paz acresdita que o alerta que o Papa deixou sobre a humanidade estar a viver uma "terceira guerra mundial, mas feita aos bocados", despertou consciências para o drama que hoje atinge o Iraque, a Síria e diversas outras nações.   

“Francisco sacudiu a comunidade internacional, que parece distraída e lenta para intervir em favor da justiça, obrigando os Estados a fazê-lo de modo individual”, disse D. Mario Toso à Rádio Vaticano.

O Papa argentino abordou esta questão na sua viagem de regresso a Roma, depois de uma visita de cinco dias à Coreia do Sul.

“Quando há uma agressão injusta, posso apenas dizer que é lícito travar o agressor injusto. Sublinho o verbo travar; não digo bombardear”, apontou na altura Francisco, que sublinhou a responsabilidade que a Organização das Nações Unidas deve assumir na resolução do conflito.

D. Mario Toso destaca o discurso "comedido e pensado" do Papa,  "na esteira da mais recente Doutrina Social da Igreja mas também da comunidade internacional”.

Para este responsável, é fundamental promover a “multilateralidade para oferecer maiores garantias de justiça” e o “princípio da responsabilidade” para proteger etnias e grupos “ameaçados de morte”, como no Iraque.

“O que deve preocupar é que, embora os conflitos pareçam circunscritos, em última análise, eles representam focos que podem desencadear, de um momento para outro, uma guerra mundial, que pode envolver grande parte da humanidade”, comentou o secretário do Conselho Pontifício Justiça e Paz.

D. Mario Toso defendeu que as organizações internacionais e regionais devem ser capazes de “trabalhar em conjunto para enfrentar os problemas e promover a paz”.

“Em questões globais ou de interesse global devem existir instituições internacionais adequadas e reformadas”, acrescentou.

Para o bispo italiano os interessados numa solução para o fim dos conflitos “não” manifestam “um desejo claro e a nítida vontade de paz e justiça”.

“Parecem prevalecer os pontos de vista particulares jamais o bem comum da família humana, das nações ou povos de uma região”, acrescentou D. Mario Toso.

Segundo a Rádio Vaticano, a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos criticou na última quinta-feira a ineficácia do Conselho de Segurança em acabar com os conflitos armados, frisando que “nem sempre houve uma decisão forte e de princípios dos membros do Conselho para acabar com as crises”.

“Os assassinos, os destruidores e os torcionários na Síria e no Iraque estão a ser encorajados e impelidos pela paralisia internacional”, acusou Navi Pillay, que renunciou recentemente ao seu cargo.

RV/CB/JCP

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