D. Shlemon Warduni, auxiliar da diocese, afirma que a ausência de paz e falta de trabalho provoca o êxodo dos iraquianos, nomeadamente os cristãos
Lisboa, 25 nov 2013 (ECCLESIA) – O bispo auxiliar de Bagdade (Iraque), D. Shlemon Warduni, afirmou hoje que a situação no Médio Oriente é “dramática” e desafia os políticos de todo o mundo a colocar o interesse desses países à frente dos “próprios”.
“Podemos dizer que a situação não é boa. Em alguns casos é dramática. É o que acontece na Síria, no Iraque, no Egipto. Não é fácil”, afirmou o bispo auxiliar do Patriarcado dos Caldeus da Babilónia, Bagdade à Agência ECCLESIA.
D. Shlemon Warduni disse que o Médio Oriente “quer a paz” e se o que aconteceu nos últimos anos foi uma primavera antes viesse o “inverno” e desafiou as populações a “rezar pela paz” e “fazer propaganda contra as armas”.
“Primeiro rezar pela paz, depois fazer propaganda contra as armas, falar aos nossos políticos para fazerem tudo o possível pela paz, pelo bem daquelas nações, não por interesses próprios”, sublinhou.
O bispo do Iraque está em Portugal a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre com o objetivo de relatar a situação dos iraquianos, nomeadamente dos cristãos, para quem pede ajuda material e sobretudo espiritual, pedindo “ao mudo inteiro” que reze pela paz.
“Digo em todas as nações: chega de fabricar armas! Chega de vender armas porque não podemos viver das armas! As armas são um obstáculo para que as pessoas vivam bem”, afirmou D. Shlemon Warduni.
Para o bispo auxiliar de Bagdade “se não existisse petróleo no Iraque” a história do país teria sido outra e “não teria acontecido” a guerra que o destruiu nos últimos anos.
D. Shlemon Warduni afirma que a ausência de paz e a falta de trabalho provoca o êxodo de muitos iraquianos, nomeadamente os cristãos, apesar de não se poder falar numa “perseguição clara” ao cristianismo porque ela acontece por parte de grupos “fanáticos”.
“Muitos deixaram o país por causa de não haver paz, segurança. Em muitos casos faltam as infraestruturas, falta o trabalho. Se tudo isso não se ajustar, se não mudarem, é muito difícil que os cristãos voltem. Não apenas os cristãos mas também os muçulmanos que emigraram”, afirmou.
Segundo o Relatório da Liberdade Religiosa publicado pela Ajuda á Igreja que Sofre, antes da invasão do Iraque, em 2003, população cristã rondava 1,4 milhão e rapidamente “caiu para metade” por causa da emigração em massa.
“As últimas estatísticas demonstram que os Cristãos iraquianos ainda são pelo menos 300.000, impulsionados em parte pelos refugiados que regressam da situação explosiva da Síria”, revela o Relatório da AIS.
D. Shlemon Warduni afirma que é necessário promover a cultura do diálogo entre nações e entre religiões, afirmando que no Iraque muitos muçulmanos aproximam-se dos cristãos “porque querem o diálogo”
“A força do diálogo aberto, livre, é grande. Mas é necessário realizá-lo. O diálogo não se faz sem humildade, fazer sem amor. O não diálogo é ódio e exige mente e coração abertos”, afirmou o bispo auxiliar de Bagdad.
Segundo comunicado enviado à Agência ECCLESIA pela FAIS, o bispo auxiliar de Bagdade está em Portugal (Lisboa, Braga e Fátima) até quarta-feira, repartindo o seu tempo por encontros com a comunicação social, conferências, eucaristias e vigília de oração.
PR