Várias organizações de defesa dos direitos humanos temem que esteja a acontecer uma mudança de rumo no caso do assassinato de Ir. Dorothy Mae Stang, com a criminalização das testemunhas de acusação. Isso poderia provocar atrasos processuais e até mesmo a libertação dos acusados. O juiz da comarca de Pacajá, Lucas do Carmo de Jesus, decretou a prisão preventiva de seis pessoas, inclusive testemunhas de acusação, no processo que investiga a morte da Ir. Dorothy. Um dos detidos foi Luis Moraes de Brito, trabalhador rural cuja barraca foi derrubada e incendiada pelos pistoleiros Raifran e Clodoaldo, dias antes do assassinato da Ir. Dorothy. A responsável pela Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Irmã Delci Franzen, lançou uma campanha nacional e internacional em favor da federalização das investigações sobre o assassinato da missionária Dorothy Stang, ocorrido a 14 Fevereiro em Anapu, no estado do Pará, Amazónia. A Irmã Delci sugeriu que as pessoas interessadas no caso enviem cartas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro do STJ, Arnaldo Esteves, que analisa o pedido do procurador-geral, pedindo a federalização do inquérito, ou seja, o deslocamento da jurisdição sobre o caso da Justiça do Estado para a Justiça Federal. A decisão é política, já que retira ao governo e à justiça do estado do Pará a responsabilidade de apurar e julgar o crime. Dorothy Stang, de 74 anos, foi morta com seis tiros à queima-roupa por atiradores a soldo de um fazendeiro. A religiosa vivia há mais de 30 anos na região, onde trabalhava em defesa dos direitos humanos e do ambiente, e tinha já recebido diversas ameaças de morte. Nas margens do rio Anapu, a Ir. Dorothy Stang desenvolvia um projecto agrícola ecológico com a população dos sem- terra.