Internet: Máquinas com poder para matar «devem ser banidas pelas leis internacionais» – António Guterres

Secretário-geral da ONU marcou presença na abertura da Web Summit

Foto Lusa, António Guterres na abertura da Web Summit

Lisboa, 06 out 2018 (Ecclesia) – O secretário-geral das Nações Unidas afirmou na abertura da Web Summit que as máquinas com poder para “matar pessoas” devem “ser banidas pelas leis internacionais” e mostrou-se preocupado com o “impacto social que a quarta revolução industrial vai ter”.

“Máquinas que têm o poder e a capacidade de escolher para matar pessoas são politicamente inaceitáveis, moralmente repugnantes e devem ser banidas pelas leis internacionais”, disse António Guterres em Lisboa, esta segunda-feira..

Na abertura da Web Summit, secretário-geral da ONU realçou que o “objetivo é criar uma globalização justa”, sem deixar ninguém para trás e que “era impossível” conseguir todos os avanços atuais “sem a tecnologia”.

O político português alertou para o impacto social que “a quarta revolução industrial vai ter”: “Não estamos preparados para isso e não nos estamos a preparar suficientemente rápido para isso.”

O secretário-geral das Nações Unidas observou que se vai assistir a muitos trabalhos criados “e muitos trabalhos antigos destruídos” sendo difícil saber “qual será mais afetado”.

“Esses trabalhos vão ser diferentes. E vamos enfrentar desemprego em larga escala, vamos enfrentar conflitos nas sociedades, com impacto na coesão dessas sociedades”, acrescentou.

O “pai da Internet” Tim Berners-Lee, fundador da ‘world wide web’, participou também na sessão de abertura da Web Summit e alertou para a necessidade de regular a rede e da “obrigação de tomar conta das duas partes do mundo”, os que estão online e quem continua offline.

“A web está num ponto crucial. Mais de metade da população mundial continua offline e está a desacelerar o número de novas pessoas a ligarem-se à net”, explicou o físico britânico na sua primeira vez na Web Summit.

Tim Berners-Lee recordou que quando criou a internet, em 1989, o objetivo era uma rede “universal”, para ser usada por todos e que estivesse na origem de “grandes feitos”.

“O sentimento geral era que a Humanidade ligada pela tecnologia seria mais comunicativa, mais pacífica e mais construtiva do que a humanidade desligada”, acrescentou.

Para o atual diretor do World Wide Web Consortium, a principal organização internacional para a Internet, afirmou que quem está online vê “os direitos e liberdades ameaçados”.

“Precisamos de um novo Contrato para a Rede, com responsabilidades claras e duras para aqueles que têm o poder de a tornar melhor”, referiu Time Berners-Lee, apresentando o contrato para os governos, empresas e cidadãos.

O presidente executivo e fundador da Web Summit Paddy Cosgrave inaugurou o evento, a terceira edição em Portugal, e afirmou que “mais de metade da humanidade vai estar ligada à Internet” em 2019.

D. Paul Tighe

Do programa destaca-se hoje a participação do secretário do Conselho Pontifício para a Cultura, da Santa Sé; A organização realça que D. Paul Tighe “acompanha questões relativas aos impactos da tecnologia digital no discurso social e cultural”.

A organização divulgou os números oficiais onde se contam, por exemplo, 69 mil e 304 participantes, 1800 startups, mais de 1200 oradores internacionais e 2600 profissionais de meios de comunicação, ao longo de quatro dias, até esta quinta-feira, 8 de novembro, na FIL e na Altice Arena, em Lisboa.

A Rádio Renascença, emissora oficial deste evento, destaca que  participam fundadores e CEOs das maiores companhias tecnológicas e das start-ups mais inovadoras, políticos, artistas e “os cérebros mais brilhantes da indústria tecnológica”

A Web Summit é uma conferência de tecnologia, realizada desde 2009, e vai continuar na capital portuguesa por mais dez anos; O anúncio oficial juntou o fundador do evento, o primeiro-ministro português e o presidente da Câmara de Lisboa, no dia 3 de outubro.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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