Identidade, profissionalismo e trabalho em rede são propostas do Congresso Internacional da Imprensa Católica
Afirmar a identidade católica com linguagem e ferramentas profissionais tem de ser a norma para qualquer projecto editorial da Igreja Católica, tanto na imprensa escrita como nos da era digital.
No Congresso sobre a Imprensa Católica, que decorre em Roma por iniciativa do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais (PCCS), o debate evidenciou também a convicção de que, se nos projectos da imprensa católica aquela norma nem sempre é concretizada, quando em causa estão iniciativas digitais, utilizando as ferramentas da internet, maior é o desafio da identidade e do uso adequado de linguagem própria desses meios.
Para o conseguir com êxito, os intervenientes no Congresso sugerem uma “conversão” às ferramentas de comunicação interactivas e um trabalho desenvolvido em rede.
Nova linguagem
Na sessão de abertura deste Congresso, o Presidente do PCCS desafiou os participantes (cerca de 230 que representam 85 países) para a “multimedialidade”.
D. Claudio Celli defendeu que a imprensa católica deve enquadrar-se num jornalismo de vizinhança, capaz “de dar voz a preocupações, desejos, projectos de pessoas que sejam, depois, os seus leitores”; e, por outro lado, sendo um “instrumento privilegiado no difícil dever de promover e fomentar uma compreensão intelectual da fé”. Não só nas páginas dos jornais, mas também nas que forem escritas com linguagem multimédia nas da internet.
Para Daniel Arasa, ainda não está completamente definida qual a linguagem da internet, estando certo no entanto que o jornalismo on line não é só escrito. Escrito é o que menos será, porque ao texto é necessário juntar áudio, e vídeo.
Falando dos desafios que as linguagens digitais colocam à imprensa católica, o professor de Comunicação social na Universidade Pontifícia de Santa Cruz (Roma) afirmou que a linguagem da internet “é mais visual do que os textos escritos e mais participativa do que a televisão”.
O custo reduzido, a grande acessibilidade e a capacidade de armazenamento ilimitada da internet foram razões adiantados por Daniel Arasa para que as estruturas da Igreja Católica apostem na criação e actualização de projectos editoriais na internet.
Por sua vez, Jesús Colina defendeu a introdução da web 2.0, as ferramentas interactivas, nas páginas da internet das instituições da Igreja.
Para o director da Agência Zenit e da H2O News as diferentes estruturas da Igreja Católica enfrentam, neste momento, o desafio de incluir a interactividade nos projectos digitais que possuem. Por exemplo, nas páginas diocesanas, onde os sítios da internet não podem ser apenas para “falar” mas para “escutar”.
A internet deveria ser o reflexo da vida da diocese e não simplesmente um instrumento de comunicação institucional do gabinete de comunicação e relações pública da diocese. A interactividade autêntica tem lugar quando a vida real é fielmente reflectida (não representada) no espaço virtual”, afirmou Jesús Colina.
Trabalho em rede: www.intermirifica.net
Para conseguir ultrapassar os desafios das ferramentas digitais, o PCCS estimula a realização de trabalhos em rede, em todo o mundo. Para isso, lançou o “Directório on line dos meios de comunicação social católicos” – intermirifica.net -, onde se recolhem informações sobre projectos editoriais católicos em todo o mundo.
Com o nome do documento do Concílio Vaticano II sobre os meios de comunicação social (Inter Mirifica) este directório permitirá, num primeiro passo, o conhecimento de projectos editoriais e depois a partilha de conteúdos nas várias plataformas (texto, áudio e vídeo)
A realização do Congresso da Imprensa Católica, que termina esta quinta-feira (dia 7 de Outubro), em Roma, foi o quinto promovido pelo PCCS para debater os media católicos em todo o mundo.