Conclusões do Encontro Nacional da Pastoral da Mobilidade Humana De 10 a 13 de Julho reuniram-se em Darque, Viana do Castelo, sob a convocação da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana e da Obra Católica Portuguesa de Migrações, os Secretariados da Pastoral de Migrações/Mobilidade e Capelanias de Imigrantes de 16 dioceses portuguesas para o seu Encontro Nacional. “Novas Migrações e Diversidade Religiosa” foi o tema que serviu de pano de fundo aos trabalhos participados por representantes do Conselho Português das Igrejas Cristãs (COPIC), do Patriarcado Ortodoxo Ecuménico de Constantinopla, da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé e Ecumenismo (CEDFE) e da Coordenação Nacional dos Greco-católicos da Ucrânia. Presidiu aos trabalhos D. António Vitalino, bispo de Beja e presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana. Durante o encontro realizou-se uma celebração ecuménica, com a participação do Bispo de Viana do Castelo, D. José Augusto Pedreira. Os 45 delegados das dioceses portuguesas constataram que: 1. o movimento ecuménico em Portugal graças, sobretudo, à imigração oriunda de África, Brasil e Europa de Leste, está a ganhar um novo dinamismo a nível das diferentes confissões cristãs e tem levantado novas questões entre os católicos que exigem um conhecimento maior do especifico de cada Igreja; 2. apesar das confissões cristãs e outras religiões serem minoria num país de maioria católica, importa continuar a cooperar ecuménica e intereligiosamente, mas no respeito da autonomia de cada comunidade e consolidação do diálogo franco e aberto; 3. a transmissão da fé em contexto migratório requer atenção muito especial à família, à múltipla pertença cultural e à identidade religiosa da igreja de origem para que a fé pessoal e comunitária se mantenha viva nas próximas gerações; 4. tem sido ao redor da Eucaristia e da Palavra de Deus que as comunidades imigrantes das várias confissões e ritos têm encontrado a melhor expressão da sua religiosidade, ritualidade e beleza, assim como o alimento para o seu crescimento na fé em comunidade; 5. sendo na Igreja local que deve acontecer o diálogo entre as várias sensibilidades e orientações religiosas, é preciso intensificar a constituição de “comunidades de transição” que ajudem a preservar a própria identidade cultural dentro duma sadia diversidade e liberdade religiosas; 6. os primeiros destinatários e agentes da pastoral das migrações são as dioceses porque é, em nome do bispo, que as equipas diocesanas são chamadas a animar as estruturas, as pessoas e os movimentos, com vista à integração eclesial. 7. o serviço de animação pastoral dos secretariados diocesanos é um ministério necessário à comunhão na diversidade e universalidade da Igreja local que para, envolver todas as estruturas, congregações religiosas e movimentos laicais, carece de maiores recursos e meios por parte das próprias dioceses para desenvolvimento da sua missão; 8. as migrações requerem uma formação contínua e específica para fazer uma leitura atenta do fenómeno – autêntico sinal dos tempos – e um diagnóstico das reais necessidades dos imigrantes e refugiados, sobretudo, ao nível da formação cristã de animadores leigos que liderem as comunidades migrantes. 9. é preciso ir além do sócio-caritativo continuando a apostar, apesar das dificuldades encontradas, na sensibilização das comunidades cristãs, assim como na organização de comunidades e centros religiosos que, com regularidade e com agentes pastorais próprios, possam ser lugares de reconhecimento, participação e palco de integração recíproca. 10. do levantamento preparatório para o Encontro Nacional, as dioceses têm-se mobilizado positivamente, em chave ecuménica, no apoio religioso aos imigrantes, especialmente, através de peregrinações, celebrações (Natal e Páscoa), festas nacionais, cedência de espaços – para igrejas não católicas – e na recomendável “Festa dos Povos”. 11. quanto à nova vaga de “novos” emigrantes, sobretudo, constituída por jovens, urge alertar as dioceses de destino para a sua presença e preparar agentes de mediação intercomunitária para, na transição, serem pessoas-ponte no acolhimento acompanhado e integração gradual na sociedade e Igreja particular. Por fim, os participantes concordaram realizar o próximo Encontro Nacional na diocese de Beja, de 9 a 12 de Julho de 2007, com a finalidade de, por um lado, estudar e partilhar experiências quando aos movimentos crescentes a nível transfronteiriço de portugueses e imigrantes e, por outro, reflectir particularmente sobre significativa feminização da imigração em Portugal e outras questões relacionadas com o género. Viana do Castelo, 13 de Julho de 2006