Signatários subscrevem a 10 de julho o «Apelo de Roma», lançado com apoio do Vaticano, para um uso ético da tecnologia
Cidade do Vaticano, 09 jul 2024 (Ecclesia) – A cidade japonesa de Hiroxima acolhe, entre hoje e quarta-feira, representantes de várias religiões mundiais, para a assinatura de um apelo conjunto em favor de um uso ético da inteligência artificial (IA), em favor da paz.
“Todas as religiões são chamadas a trabalhar em conjunto para o bem da humanidade que habita este planeta e para a preservação do próprio planeta, casa comum de todos os seres vivos. Isto diz respeito a todos os aspectos da nossa vida e, portanto, também a cada novo instrumento que o progresso tecnológico coloca à nossa disposição. A inteligência artificial é um deles: uma grande ferramenta com possibilidades ilimitadas de aplicação, que pode e deve ser orientada para que o seu potencial sirva o bem desde o momento da sua conceção”, disse o presidente da Academia Pontifícia para a Vida (Santa Sé), D. Vincenzo Paglia, na abertura dos trabalhos.
Os participantes no encontro vão assinar “o Apelo de Roma para a Ética da IA”, sublinhando “a importância vital de orientar o desenvolvimento da inteligência artificial com princípios éticos, para garantir que serve o bem da humanidade”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA.
O evento é promovido pela Academia Pontifícia da Vida, as Religiões para a Paz do Japão, o Fórum para a Paz de Abu Dhabi dos Emirados Árabes Unidos e a Comissão para as Relações Inter-religiosas do Rabinato-Chefe de Israel.
O Apelo de Roma foi lançado pela Santa Sé, em fevereiro de 2020, juntamente com a Microsoft, a IBM, a FAO e o Governo italiano.
O documento visa “fomentar uma abordagem ética da IA e promover um sentido de responsabilidade entre organizações, governos, empresas multinacionais de tecnologia e instituições, a fim de moldar um futuro em que a inovação digital e o progresso tecnológico sirvam o génio e a criatividade humanos, preservando e respeitando a dignidade de cada indivíduo, bem como a do nosso planeta”.
Já em 2023, o apelo foi assinado por líderes das três religiões abraâmicas (cristianismo, islamismo e judaísmo), “em nome da coexistência pacífica e dos valores partilhados”.
Segundo o Vaticano, o encontro de Hiroxima “reforça a ideia de que uma abordagem multirreligiosa a questões vitais como a ética da IA é o caminho a seguir”.
As religiões desempenham um papel crucial na construção de um mundo em que o conceito de desenvolvimento anda de mãos dadas com a proteção da dignidade de cada ser humano e a preservação do planeta, a nossa casa comum”.
Durante o evento, o padre Paolo Benanti, professor de Ética da Tecnologia na Universidade Pontifícia Gregoriana que integra o Órgão Consultivo das Nações Unidas sobre a IA, vai apresentar a chamada ‘Adenda de Hiroxima’ a inteligência artificial generativa.
Os trabalhos vão debater temas como “riscos e oportunidades da inteligência artificial”, as “aplicações práticas de uma IA ética” ou a “governação da inteligência artificial”.
OC
G7: Francisco diz que dependência de «escolhas das máquinas» coloca humanidade em risco