Liberdade esteve no centro do debate entre diretores de comunicação da Europa, que decorreu em Portugal, sobre os desafios do desenvolvimento tecnológico
Lisboa, 16 mai 2024 (Ecclesia) – O presidente da Secção de Comunicação do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) disse que o debate em torno da inteligência artificial tem de ser colocado no âmbito da liberdade e da “capacidade de adaptação” do ser humano.
“Como a revolução industrial, muito possivelmente também a inteligência artificial fará uma revolução, mas o ser humano tem uma capacidade de adaptação muito grande e não deixamos de ser humanos depois da revolução industrial. Na inteligência artificial sucederá também a mesma coisa”, afirmou D. Nuno Brás
Em declarações à Agência ECCLESIA no fim dos trabalhos do encontro de assessores de imprensa e porta-vozes das conferências episcopais da Europa, que decorreu entre terça-feira e o dia de hoje, no Seminário de Alfragide, em Lisboa, o presidente da secção que analisa o tema da comunicação no CCEE disse que a inteligência artificial deve ser considerada uma ferramenta” e é preciso contar com ela, nomeadamente na sua dimensão “criativa”, tendo presente as consequências no modo de viver, “também a Igreja”.
D. Nuno Brás considera que a inteligência artificial “não substitui” o ser humano, “porque apenas o ser humano tem intencionalidade, porque apenas o ser humano procura a verdade, apenas o ser humano dá sentido à existência e isso é uma realidade muito própria do ser humano”.
“A grande questão acaba por ser a questão da liberdade”, indicou o também presidente da comissão da Conferência Episcopal Portuguesa que dinamiza os setor da comunicação, lembrando a proliferação dos dados pessoais cada vez maior.
D. Nuno Brás sublinhou a “importância da educação”, capaz de valorizar a “a realidade humana, o ato humano, aquilo que só os seres humanos podem fazer”, o “tu-a-tu que só os seres humanos são capazes e que nenhuma máquina é capaz de substituir”.
A respeito da utilização da inteligência artificial em ambiente religioso, nomeadamente católico, o bispo do Funchal aludiu a experiências de “arranjar um confessor que seja uma inteligência artificial” ou à capacidade da inteligência artificial “fazer homilias com cabeça, tronco e membros”, referindo a permanente artificialidade dessas possibilidades.
“Aquilo que vai estar à nossa disposição muito possivelmente terá de ser assinado, ou seja, marcado: isto resulta de inteligência artificial, isto resulta de um trabalho humano, de uma atividade humana”, adiantou.
No fim do encontro que decorreu em Portugal, o presidente da Secção de Comunicação do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) referiu-se também ao valor da assinatura no âmbito da informação.
“Uma assinatura que garanta que aquela notícia, por exemplo, é fiável porque foi realizada, porque foi escrita, porque foi dada por um sujeito humano e não simplesmente por uma máquina que pode ser muito veloz, pode colocar em conjunto muitos dados, pode usar muitas probabilidades mas não é capaz de comunicar, ou seja, de fazer comum uma realidade, e uma realidade vital”, acrescentou D. Nuno Brás.
“Humanidade e inteligência artificial: um olhar o futuro, o compromisso da Igreja” foi o tema que reuniu em Portugal perto de quatro dezenas de assessores e porta-vozes das conferências episcopais da Europa, no encontro que terminou hoje.
PR