«Instrumentum Laboris» do Sínodo dos Bispos

Este documento alerta para o fundamentalismo cristão e os erros graves que tal situação pode gerar O “fundamentalismo cristão” – a obediência literal e acrítica aos textos sagrados – vai-se difundindo cada vez mais, não só entre os novos movimentos religiosos, mas também entre os Católicos, com o risco de gerar “erros graves” e “conflitos inúteis”. Esta é uma das preocupações referida no “Instrumentum laboris” de preparação da Assembleia sinodal a realizar no próximo mês de Outubro, sobre a Sagrada Escritura. O documento de trabalho (Instrumentum Laboris) da XII Assembleia-Geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em Roma de 5 a 26 de Outubro sobre o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, põe de sobreaviso fiéis e pastores, não só sobre o fundamentalismo, mas também sobre as chamadas “leituras ideológicas” da Bíblia. Numa referência indirecta à chamada «teologia da libertação», o texto fala de “pré-compreensões rígidas de ordem espiritual, social e política, ou simplesmente humanas, sem o suporte da fé”. Especial preocupação é expressa quanto ao “risco de fundamentalismo, com amplas implicações antropológicas, sociólogas, e psicológicas, mas que se aplica de modo particular à leitura bíblica e à sua interpretação do mundo”. A nível de leitura bíblica – adverte o texto preparatório do Sínodo – “o fundamentalismo refugia-se no literalismo, recusando-se a tomar em consideração a dimensão histórica da revelação bíblica, correndo assim o risco de não aceitar plenamente a própria Incarnação”. Se a forma extrema desta tendência é a “seita”, contudo “este género de leitura encontra cada vez mais aderentes entre os católicos”. Serão cerca de 250 os padres sinodais que, em representação dos episcopados do mundo inteiro tomarão parte nos trabalhos do próximo sínodo. Este será o segundo sínodo geral que se efectua durante o pontificado de Bento XVI. O primeiro, dedicado á Eucaristia teve lugar em Outubro de 2005, poucos meses após a sua eleição, mas fora convocado pelo seu predecessor João Paulo II. Para este sínodo de Outubro próximo foi Bento XVI que escolheu o tema e estabeleceu algumas regras, entre as quais uma maior liberdade na discussão entre os bispos através de uma hora diária de discussão livre, mecanismo já experimentado com sucesso no sínodo precedente sobre a Eucaristia. Sínodo Etimologicamente, a palavra “sínodo” deriva dos termos gregos “syn” (que significa com, em conjunto) y “odos” (que significa caminho), expressando a ideia de caminhar juntos. O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de Bispos que representa o episcopado de todo o mundo e tem como tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja, com o seu conselho, para procurar soluções pastorais que tenham validade e aplicação universal. Mais de 40 anos depois da sua criação, por Paulo VI (15.09.1965), a experiência sinodal caminha para a sua XII assembleia ordinária, a que se juntam duas assembleias extraordinárias e oito especiais. Esta instituição permanente nasceu como resposta aos anseios dos padres do II Concílio do Vaticano, como forma de manter vivo o espírito de colegialidade nascido na experiência conciliar. O documento inicial de reflexão e consulta (Lineamenta) do próximo Sínodo, publicado em 2007, explicava que o seu objectivo seria “realçar a intrínseca ligação da Eucaristia com a Palavra de Deus”, destacando a necessidade de “perguntar, à distância de mais de 40 anos do Vaticano II, que frutos trouxe às nossas comunidades o documento conciliar Dei Verbum; qual a sua real aceitação”. “Não há dúvida que, em relação à Palavra de Deus, se obtiveram muitos resultados positivos no povo de Deus, tais como a renovação bíblica a nível litúrgico, teológico e catequético; a difusão e prática do Livro Sagrado através do apostolado bíblico e o impulso de comunidades e movimentos eclesiais; a crescente disponibilidade de instrumentos e subsídios da comunicação hodierna. Outros aspectos porém mantêm-se ainda abertos e problemáticos”, podia ler-se então. (Com Radio Vaticano)

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Agência ECCLESIA

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